sábado, 28 de agosto de 2010

- La gloria para el mejor

          LA GLORIA PARA EL MEJOR 
                   España, por fin!
                                                                         (Crônica publicada no jornal O Imparcial de l8.07.2010)

PARA OS ESPANHOIS - España conquista el título ante Holanda con grandeza y despertando la admiración unánime. Después del último europeo, cuatro años reinando en Europa, España vuelve a reinar, ahora, en todo el mundo. Ha dominado la competición y ha ganado muy merecidamente. El equipo español ha aterrizado ya en Madrid con la Copa del Mundo y una estrella en la camiseta después de un triunfo. Un gol de Iniesta con un tiro cruzado, otorga a España su primer Mundial y revive los mejores momentos de España en Sudáfrica. Hay muchos caminos que conducen a la gloria, pero pocas veces se alcanza la cima con tantos méritos como lo hizo ayer el ganador de la copa DEL Mundo. Este fue um bueno Mundial con un poco de todo, grandes emociones, frustraciones, sorpresas, avatares (árbitros pésimos, falta de tecnología, el balón)... La púrpura fue para el equipo que mejor ha jugado, el más goleador, el más estilista, el que eliminó al campeón del mundo Alemania.

PARA OS BRASILEIROS – Aquele primeiro parágrafo o fiz no meu portunhol ou um español razoável. Perdoe-me os entendidos. Agora vamos ao nosso português escrevendo para nós mesmos.
Em uma final marcada muito mais pelos lances violentos do que pelos bonitos, a seleção da Espanha coroou o sucesso de uma geração ao vencer a Holanda, por 1 a 0, no Estádio Soccer City(áfrica do Sul), e se sagrar pela primeira vez campeã do mundo. O herói do título foi Iniesta, que anotou o gol salvador aos 11min do segundo tempo da prorrogação. Encheu o pé para estufar as redes de Stekelenburg. Os holandeses reclamaram muito de impedimento, mas a posição do atleta era legal. A Fúria, para variar, tomou conta do início do jogo. As trocas de passes, porém, eram intermináveis com poucos chutes a gol. O jogo chegou a se tornar violento - De Jong deveria ter sido expulso ao entrar com o pé alto, bem alto, no peito de Piqué. A arbitragem de Howard Webb, o mais jovem a apitar uma final de Copa desde Pierre Capdeville em 1938 (na Itália) foi confusa.
            A partida teve no total doze cartões amarelos e um vermelho distribuídos pelo juiz Howard Webb e lances de extrema violência, como uma entrada de “voadora” de De Jong em Xabi Alonso. O árbitro inglês preferiu atuar na base da conversa ao invés de expulsar um jogador de uma das duas equipes. Tanto que o cartão vermelho de Heitinga, que havia cometido falta dura em Villa quando recebeu o amarelo, só foi sair no segundo tempo da prorrogação. Os comandados de Vicente del Bosque, que há dois anos encantaram o mundo no título da Eurocopa, voltaram a cativar e fazer história. Tida por diversas vezes como grande seleção nas previsões antes dos Mundiais, os espanhóis acabavam decepcionando na hora H e ficaram com fama de “amarelões”. Desta vez, a situação mudou. Chegaram pela primeira vez a uma semifinal de Copa, depois à primeira decisão e agora ao inédito título. Além de terem alcançado uma marca histórica para o país, os espanhóis se tornaram a primeira seleção européia a conquistar um título mundial fora do seu continente. Foi a premiação para uma equipe de toques rápidos e envolventes, com um belo entrosamento e que tem jogadores de muito talento como Xavi, Iniesta e Villa. Apesar de um tropeço na primeira partida contra a Suíça, os espanhóis deram a volta por cima durante o Mundial, deixando para trás adversários como Portugal e Holanda. Se há um ano, os espanhóis saíram da África como grande decepção da Copa das Confederações, hoje dão a volta por cima agraciados com a taça.

            A Espanha jogou e venceu com Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Puuyol, Capdevilla; Xabi Alonso (42'/2ºT), Busquets, Xavi, Iniesta; Pedro (Jesús Navas, 15'/2ºT) e Villa (Torres, intervalo da prorrogação)- Técnico: Vicente del Bosque

            Não ganhamos a copa porque, principalmente, não tínhamos meio de campo criativo e nem peças de reposição. GOSTARIA de ganhar este título todos os dias: na saúde, na pesquisa científica, na educação, na indústria, na alimentação, na auto-estima, nos comportamentos de nossos políticos, polícia, do povo... de cada um de nós.

Do IMPARCIAL de 28.07.2002: minha coluna Subsídio – DOIS CORPOS DE VANTAGEM. Ainda o temos sobre a Alemanha, um corpo de vantagem sobre nossa concorrente a Itália, três sobre o Uruguai e a Argentina e quatro sobre França, Inglaterra, e agora a Espanha. CONTINUAMOS PENTA.

JUIZ ELETRÕNICO: muita coisa sugerida por nós já foi colocada em prática pela FIFA (impedimento – reposição da bola pelo goleiro), mas o mais importante ainda não foi feito e a história e o tempo me deu razão. Já vimos na outra copa, a Coréia ganhar da Itália com erros do juiz, O Brasil ganhar da Turquia (2 X 1 ) através de pênalti que não houve, a Alemanha 1 X 0) nos Estados Unidos com pênalti claro não marcado contra os alemães, França O X 0 Uruguai etc. O destino da Espanha poderia ser outro na copa anterior se o juiz não tivesse anulado dois gols legítimos dos espanhóis contra a Coréia. Em 1966 a Inglaterra foi campeã com um gol que não aconteceu e o troco só veio agora novamente contra os alemães. Tudo por erros da arbitragem. A SOLUÇÃO. Acabar como modo de se ver o impedimento. Usar a tecnologia do JUIZ ELETRÕNICO, que consistiria, quando possível e a tecnologia e a disponibilidade do local permitisse, na cabine eletrônica dando a palavra final: se teria sido pênalti, se foi dentro da área, se a bola entrou, se na jogada houvera dolo ou má fé etc., etc.. Com a finalidade de transparência a solução seria mostrada por telões ao público. Também continuamos achando que os “velhos” da FIFA (como dizem) não deveriam ficar só no Blá-blá-blá. Devem partir para soluções: instituir 4 bandeirinhas (dois de cada lado), maçar com “Spray” os locais das faltas e barreiras conforme aprovado no país do futebol. Achamos que todos os erros de arbitragem desta Copa de 2010 não foram 100% das ARBITRAGENS HUMANAS, mas dos REGULAMENTOS INUMANOS.


E VIVA O BRASIL QUE É PENTA E A ESPANHA PELO TÍTULO CONQUISTADO E BELO FUTEBOL.

- O Brasil é a bola da vez do mundo

O Brasil é a bola da vez do mundo

             (Crônica  publicada no jornal O Imparcial em 18.10.2009)



Com licença do Tom Jobim, minha alma canta. Hoje, mais do que Cidade Maravilhosa, o meu, o nosso Rio de Janeiro é Cidade Olímpica! Viva o Rio, viva o Brasil. A escolha teve a seu favor a beleza natural da cidade, a brilhante exposição do presidente Lula, a alegria do carioca, fruto de miscigenação racial do povo brasileiro. No momento em que o mundo vive uma crise financeira o Brasil se saiu muito bem. Este, penso, que tenha sido o item que mais pesou para a nossa vitória. Foi uma vitória do Rio, do Brasil, de toda a América do Sul. A César o que é de César. O Brasil venceu pesos pesados como Madri, Tóquio e Chicago e a partir daquele momento ficou mais carioca e o mundo mais brasileiro mostrando que é a bola do vez do mundo.
            A escolha dos delegados do COI em Copenhague, na Dinamarca, por 63 a 32, dados a Madri é um carimbo indelével em uma campanha profissional em todos os aspectos e que, ao contrário das outras duas vezes em que disputamos, produziu um conjunto de propostas tão convincentes quanto tecnicamente bem amarrado. Destaque para João Havelange, o brasileiro que, quando presidente da Fifa, uniu os cinco continentes em torno do futebol, aproximando raças, religiões e idiomas. Agora como único membro do COI (não votou), mas fez um trabalho de meio de campo muito bom de convencimento de seus membros a favor da escolha do Rio.
A escolha para sediar os jogos de 2016 resgata o Rio como uma metrópole mundial.

            Estamos em festa, com toda justiça. Afinal o Rio derrotou os reis da Espanha e sua sisuda e rabugenta delegação e até mesmo o indiscutível carisma do casal Obama na defesa de Chicago. Vendo os filmes apresentados no evento, já se permitia uma torcida muito positiva: ao contrário dos concorrentes. A cidade muy leal que Estácio de Sá um dia fundou foi mostrada como um lugar de espaços amplos, tanto para deixar claro que abrigar os jogos seria possível, como para demonstrar que aqui todos são sempre bem-vindos, rivais ou não de candidatura.



            O presidente Lula apostou todas as fichas, expôs a sua liderança ao risco de uma derrota e agora carrega a carga de abrir mais uma gigantesca frente de obras, que envolve governadores e prefeitos ao custo de alguns milhões. Nosso presidente acertou em todos os lances, alguns de ousados riscos. Foi uma vitória, de autenticidade do povo brasileiro que o Lula soube encarnar. Seu primoroso discurso que fez de improviso, com a ênfase de fazer inveja ao William Bonner, revelou a sua aplicação para brilhar para uma platéia que reunia os principais líderes do mundo, não apenas nos esportes mas na política. Mesmo sem ler, Lula falou no tom exato e elegante, sem um erro e com excelente jogo cênico nas voltas para todos os ângulos do auditório. A oposição, agora, mais do que nunca terá que engolir sem fazer careta. É provável que muita gente tenha preferido que fôssemos derrotados a engolir, mais uma vez, os êxitos do metalúrgico. O presidente Lula passa a impressão que descobriu o segredo de Midas transformando em ouro tudo que toca. Gostei da brincadeira dele: “Nós podemos, plágio do We can do Obama. Lula roubou a cena como o grande herói do dia. – Se eu morresse agora, já teria valido a pena viver. Conquistamos a cidadania absoluta – disse Lula, antes de entrar na coletiva de imprensa, onde desabou em lágrimas enquanto o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, discursava. Confesso que também chorei quando vi a emoção do nosso presidente.

            O Brasil é o País do momento. Está em grande posição de destaque no cenário internacional. Nós já éramos sinônimo de tudo bem, agora somos sinônimo de tudo perfeito. O real é a moeda que mais recuperou em 2009 frente ao dólar, com valorização de 32% ao ano. Nossa economia já deixou para trás a recessão e nosso consumo interno está nas nuvens. O Brasil está entre os fabricantes líderes de produtos tão distintos como aviões, café, soja, ferro, aço, têxteis e equipamento elétrico. Nos últimos 15 anos a pobreza no Brasil caiu de 36% para 18%. As previsões de economistas são de uma redução a 8% da pobreza nos próximos cinco anos. As recentes descobertas de petróleo em alto mar ratificam essas estimativas. Há que se calcular 80 milhões de pessoas (sobre um total de 190 milhões) que estão se incorporando à classe média. A Copa do Mundo de 2014 no Brasil e a Olimpíada de 2016 devem ter reflexos em ganhos de milhões de dólares para os nossos cofres. Obrigado Lula, obrigado!!!
Vendo o Redentor onipresente, só mesmo como diz Gilberto Gil: “Salve o Rio de Janeiro, aquele abraço. Todo povo brasileiro, Aquele abraço!”.

- SOS Haiti

        S  O  S       H  A  I  T  I
                                                         (Crônica publicada em jornais em fevereiro de 2010)







            O Haiti é um país das Caraíbas cuja capital é Porto Príncipe. É banhado pelo mar do Caribe, mar das Caraíbas, mar das Antilhas, um mar semi-aberto tropical do oceano Atlântico, situado na América Central, ligado ao oceano Pacífico através do canaldo Panamá. Veja pelo mapa.
            Esse terremoto que atingiu o Haiti foi o maior dos últimos 200 anos que devastou o país mais pobre do continente americano. De magnitude 7 na escala Richter esse que atingiu o país na terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Que terremoto... Seria o de Nostradamus? Por quê somente o CRUCIFIXO ficou em pé na igreja onde fazia palestra a fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a médica Dra. Zilda Arns?

            Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estima-se que possa chegar a 200 mil o número de vítimas fatais e feridos. A hipótese de um Tsunami naquela região não está descartada.

            Sofro, fico engasgado quando assisto tudo isso pela TV. Um tipo de coisa à la Spielberg, só que real, com a força da natureza sobre inocentes, trazendo choro, desgraça, tragédia. Tudo isso me fez lembrar do Tsunami. Aquele maremoto que atingiu 9 países da Costa asiática e africana, num passado não muito distante, matando mais de 200 mil pessoas. O mistério continua mistério, e como dói!

            Militares, Oficiais, Sargentos, Cabos e Soldados, diferentes níveis hierárquicos, sem distinção foram vitimados pelo cataclismo. Eles eram brasileiros em missão de paz da ONU. Todos esses têm nosso reconhecimento. São heróis. Sim, temos heróis a prantear.


            O Brasil deverá enviar até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país e doar 28 t de alimentos e água. Nossa Força Aérea (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas. Chefiamos a missão de paz da ONU, criada em 2004, para estabilização do país. Esta Missão conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti e seriam eles, agora, que deveriam controlar o aeroporto e não os americanos.

            Notamos que bombeiros americanos, o sumo pontífice, membros da ajuda internacional chinesa, equipes de resgate de Taipei (capital de Taiwan), um contingente de 64 homens das equipes de resgate britânicas, Canadá, México, Islândia e muitos outros países estão presentes ajudando de alguma maneira.

            Vamos fazer, cada um de nós, a nossa parte. Fiz a minha.


Como doar - As doações para a conta do SOS Haiti, aberta para arrecadar fundos às vítimas do terremoto que devastou o país, devem ser feitas para:

- ONG Viva Rio: Banco do Brasil - Agência 1769-8 - Conta 5113-6 .

- Cruz Vermelha - Banco HSBC Agência 1276 Conta 14526 – 84 - Aos interessados em fazer depósito online, o CNPJ do Comitê Internacional da Cruz Vermelha é 04.359688/0001-51.

Como doei - AG 1606-3 - do Banco do Brasil, C/C 91.000-7. Esta conta foi aberta pelo BB e o dinheiro vai diretamente à Embaixada do Haiti no Brasil.

            Como costuma acontecer depois de tragédias, podem aparecer sites falsos pedindo doações, então procure doar para instituições reconhecidas.

            Impossível permanecer insensível à terrível catástrofe que arrasou aquela paupérrima Nação que está em pedaços devastada pela miséria. É muito sofrimento! Façamos nossa parte: ajuda com doações e orações.


“A vida que não passamos em revista, sem reflexão, não vale a pena viver.
                                                                                                                   (Sócrates)

- Dois filhos de Francisco

               Dois filhos de Francisco
                                                           (Crônica publicada no jornal O Imparcial em 30.01.2010)



Luz, Câmera, Ação!...Sempre fui amante da sétima arte, o cinema. Até trabalhei em “O Viajante” filme de Paulo César Seraceni. Fui o padre do filme a convite de sua esposa, hoje diretora da Globo. Filme que teve suas melhores cenas em Rio Pomba. De música sertaneja nunca fui fã. Hoje, depois da “Dança de salão”, gosto de músicas ritmadas de qualquer gênero, principalmente de Roberta Miranda. Sempre pensava quando ouvia pelo rádio ou via pela TV aqueles caras cantando músicas sertanejas em São Paulo: que jecança, sô! Mas, sabendo que não sou dono da verdade, que cada vez mais a população está se encantando com este ritmo, sua cultura crescendo, passei a ver nela, além da melodia, letras interessantes. Pesquisas apontam como as mais ouvidas no país. Existem programações voltadas para o estilo por todo lado. Entre os artistas mais ouvidos na preferência do público brasileiro, estão Zezé Di Camargo e Luciano. Você me desculpe, mas desde os tempos do “CINE PROLAR” tenho a mania de comentar, interpretar, criticar sobre filmes que vejo, apesar de não ser um “spert” no assunto.
            Pelas razões expostas, resolvi me aventurar a assistir “Dois filhos de Francisco”, mesmo assim com um pé atrás mais em razão do preconceito. Foi em Ubá – por DVD que saiu antes do filme (coisas de piratas) - na casa do casal 20, os primos da Fernandina Zé Maurício e Ana Claúdia e filhos que adoraram o filme. Para surpresa de muitas pessoas (inclusive eu) o resultado, confesso, foi muito bom. Quando soube que estavam produzindo um filme sobre a história da dupla sertaneja Zezé de Camargo & Luciano, logo pensei: “nossa sociedade está cada vez mais sem ter o que fazer”. Pensei que seria um lance comercial para promover mais a dupla, como se isso fosse necessário. Para minha surpresa, ao final, eu me havia deliciado com uma excelente obra que, conseguiu emocionar não só a mim, mas grande parte dos brasileiros. Impossível não passar a ter admiração e respeito pela história de vida deles: fantástica e digna de aplausos.

            Dirigido pelo estreante Breno Silveira (trabalhou como diretor de fotografia em "Eu, Tu, Eles"), "dois Filhos de Francisco" é um filme emocionante, o qual retrata com fidelidade a dura trajetória do trabalhador rural Francisco, que deseja transformar os filhos em uma dupla sertaneja de sucesso, como aquelas que tanto gostava quando escutava seu rádio de pilha nos anos 60. Para que "Dois Filhos de Francisco" seja um filme cativante, apenas para quem não gosta da música sertaneja, é necessário que o espectador entre no clima da produção e tente esquecer por duas horas que se trata de uma biografia. É sempre interessante ver uma biografia e saber "como tudo começou" ou "como tudo aconteceu". O filme consegue agradar a todos independentemente do gosto musical, já que o foco da produção não é a carreira de sucesso da dupla, e sim, o que veio antes dela: a trajetória da família Camargo marcada por desafios, dando uma grande ênfase ao pai, seu Francisco. Filme sem apelações. Clima dinâmico. Consegue ser triste, emocionante, cômico e divertido. A história parece conto de fadas sobre pessoas humildes que se dão bem na vida. O enredo é tratado com delicadeza e carinho. Os atores mirins Dablio Moreira e Marcos Henrique, que interpretam Morismar (verdadeiro nome de Zezé) e seu irmão Emival (a grande tragédia da família: a morte de Emival), dão uma aula de interpretação. A trajetória dos garotos é a verdadeira imagem de milhões de brasileiros ao redor do país que passam por dificuldades e buscam por um sonho. Quanto ao elenco veterano, todos estão muito bem ajudando a manter a constância do elenco. A interpretação de Ângelo Antônio é um show à parte, transformando o Francisco do filme em um homem ímpar, ficando difícil encontrar características que o definam, rude, rígido, tenro, carinhoso, atencioso; esses são apenas alguns adjetivos que se encaixam bem ao personagem. É cativante ver os esforços por parte do pai para transformar os filhos em uma dupla de sucesso – vendendo tudo para comprar instrumentos, (uma gaita e uma sanfona) para os filhos, ou gastando todo o seu salário em fichas telefônicas para ligar para as rádios e votar na música deles – conseguindo transmitir bem a idéia de que a dupla hoje não seria ninguém sem o eterno apoio do pai.

            O filme termina logo no estouro do primeiro sucesso deles, a música “É o amor”. O filme calou a boca dos muitos (inclusive a minha) que tiraram conclusões precipitadas sobre ele. Ainda sofrerá muito por ser um filme brasileiro, ainda mais se tratando de uma história sobre uma dupla sertaneja. Mas as boas críticas que vem recebendo (sendo inclusive ovacionado no festival de Gramado) são a resposta direta para esse preconceito.

            Quem sabe após assistir o filme, você crie ânimo para levar adiante seus sonhos antigos, pois eles são os últimos que morrem. Hoje não me assusta tanto a música sertaneja e nem o Fim do Mundo, o que me assusta mais é o Fim do Mês.


“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém! Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência para que a vida faça o resto”...

(William Shakespeare)

- Lapa Boêmia

                    LAPA BOÊMIA

                                                                         (Crônica não-publicada)

            Tudo aconteceu quando fomos tentar a renovação do VISTO para os States, Fernandina, eu, Martha Baiana e Chico Caiafa. Quanto ao visto que estava para vencer não teve problema. Nós o conseguimos já pensando na Lapa na noite do dia seguinte.

            Esse dia, ou seja, essa noite ia ser a melhor. Aguardava-nos a Lapa Boêmia! A gente poderia ter ido a pé, pois estávamos a menos de 200 metros da zona do agrião, porém o salto alto das madames nos aconselharam a pegar um táxi. Apenas um bairro no Rio de Janeiro poderia agregar variadas manifestações musicais sem ofuscar gêneros e artistas e ser ponto de referência para os amantes da vida noturna. E esse bairro era a Lapa. Um bairro característico do Rio onde o choque de contrastes impressiona... Malandros, burgueses e prostitutas fazem um ambiente sem igual. Isso mais antigamente, hoje mais da turma jovem e os eternos amantes da noite. A Lapa tem cada sobrado histórico maravilhoso! É um bairro encantador! Tudo isso nos fez lembrar Diamantina, Ouro Preto, Tiradentes, Olinda, Rio Pomba antes das demolições e Lisboa, principalmente. Desde os anos 1950, quando começou a ser chamada de "Montmartre Carioca", a Lapa é palco de encontro intelectuais, artistas, políticos e, principalmente, do povo carioca, que ali se reúne para celebrar o samba, o forró, a MPB, o choro e mais recentemente, a música eletrônica, o rock e – naquela noite até o Jazz nos encantou a todos.

            Tradicional reduto de sambistas. Trata-se de um bairro do meu tempo de adolescente, agora, rejuvenescido, conhecido como berço da boemia carioca, também é famoso pela arquitetura, a começar pelos Arcos - conhecidos como Arcos da Lapa, construídos para funcionarem como aqueduto nos tempos do Brasil Colonial e que agora servem como via para os bondinhos que sobem o morro de Santa Teresa. O bairro nasce no final da zona sul, quando a rua da Glória torna-se rua da Lapa. Também faz limite com o bairro de Santa Teresa, subindo suas ladeiras e o pequeno bairro de Fátima. Por suas principais vias, Mem de Sá, rua do Riachuelo e rua do Lavradio, espalham-se atrações como a Sala Cecília Meireles, que é considerada a melhor casa para concertos de música de câmara (antigamente somente música erudita, hoje qualquer música executada por um pequeno número de músicos - instrumentos ou vozes -"quarteto de cordas", "quinteto de sopros" e de "metais", tudo sem maestro. Um parênteses: no ano passado assistimos um concerto de harpa, violão cello e vozes no "Espaço Tom Jobim" no Jardim Botânico, que além de oxigênio respira beleza, história, qualidade de vida e cultura, enquanto que o Big Brother Brasil respira mau-gosto e baixaria visando Ibope e dinheiro. Este programa é a morte da cultura, de valores e princípios da moral, da ética e da dignidade tudo porque o brasileiro gosta de bisbilhotar a vida alheia. Uma vergonha!!! Fecha parênteses.

            A rua Alice eu a vi de longe e me lembrei dasquelas casas maravilhoas, aconchegantes com beldades argentinas e chilenas de fexar o trânsito. Fomos la não. Nem sei se existe mais.


            Bares - Belmonte, Taberna e Boteko do Juca, Antonio´s, Arco Irís cairam no gosto do público, por seu cardápio diversificado. Bar Brasil o melhor chopp Brahma em barril de madeira. Fomos a um do lado, o Barbieri com cadeiras de barbeiro. De repente apareceu lá uma turma musical dando o maior show de Jazz. No Festival de Gastronomia de Tiradentes um show do gênero também abrilhantou o evento.


          Música - Como destaques da noite, existem os famosos Asa Branca, reduto principal do forró, os bares Semente e Ernesto, palcos do autêntico chorinho e também o Rio Scenarium e o Carioca da Gema, onde reinam absolutas as rodas de samba. Recentemente foi inaugurada a gafieira Lapa 40 Graus, na rua do Riachuelo, ao lado do Clube dos Democráticos. No meu tempo era o Largo dos Pracinhas (uma praça anexa aos arcos) hoje existe um enorme Circo Voador, inaugurado em 2004. A rua dos Arcos, que atravessa o aqueduto, era uma via ocupada por edificações centenárias, entre elas a Fundição Progresso, que hoje é uma casa de shows. Neste local existe também uma infinidade de bares e casas de shows que atendem a todos os gostos. Só para se ter uma idéia da atual "efervescência" do bairro mais de 15 estabelecimentos comerciais foram abertos apenas no último ano.

           
Jazz. O ritmo adquiriu status artístico. É música para ser ouvida e refletida, aproximando-o assim do respeito intelectual tradicionalmente devotado à música clássica de origem européia. O estilo privilegia os pequenos conjuntos e os solistas de grande virtuosismo. É sempre tocado por um pequeno número de músicos talentosos. O som é flexível, nervoso, anguloso, cheio de saltos que exigem uma técnica instrumental muito desenvolvida. Vi saxofonista, trompetista e outros instrumentos que nem sei o nome. No festival de Cultura e gastronomia de Tiradentes andei atrás desse som, também frenèticamente porque ele me contagiou desde os filmes “Uma cabine no céu”, O Homem do Braço de Ouro (The Man with the Golden Arm, 1956) com Frank Sinatra, Eleanor Parker, Kim Novak, meus eternos artistas. Sempre fui amante da sétima arte.

            O Samba de Raiz é a expressão mais autêntica da cultura musical brasileira. Vi em uma esquina, na Lapa, um pandeiro de couro, um cavaquinho, cuíca, surdo, violão e violão de sete cordas. Estava ali instalado um Samba de Raiz da melhor qualidade. A medida que desfilava pelas ruas sentia uma autêntica cultura brasileira a cada passo. Saimos da Lapa lá pelas três da madruga, mesmo assim porque o samba de raiz estava indo embora. Ele começou cedo.

            Às vezes fico pensando: tempo bom aquele no botequim do Geraldo Clemente de Rio Pomba, quando a gente vinha da pelada do sábado do pombense e nos instalávamos nos fundos a cantar sambas de raiz. Não perco a oportunidade de sempre ver nomes de peso e novos talentos cantando sambas antigos e também os mais recentes. Ver a alegria e a descontração dos músicos e participantes como eu. Podemos cantar Nélson Sargento, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Fundo de Quintal, Almir Guineto, Alcione, Leci Brandão entre outros e também artistas consagrados e apreciadores do samba como Chico Caiafa, Antônio Fábio, Português, Titito, o Chico Chuana, o Pedrinho do Pedro Dias, o Célio mais o Hélio, o Caqui, Noel Rosa, Paulinho da Viola, a Miúcha e o Zé Roberto de Ubá (nossos amigos) e Cartola.

Isso é samba de raiz presemnte em nossas  vidas. E viva  a poemia!
E viva a boemia!
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina feche.”

(Arnaldo Jabour)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

- Várzea da Estação

                       VÁRZEA DA ESTAÇÃO                   Crônica publicada na minha coluna SUBSÍDIO do jornal O Imparcial em 02.Fev.2003.


“Prefiro os que criticam, porque me corrigem, aos que me adulam porque me corrompem”. (Sto.Agostinho). Às vezes as criticas extrapolam, chegam a ser agressão e podemos dizer até a uma desinformação, ou talvez mesmo a falta de entendimento de um texto mal redigido. Sempre na vida, a gente tem que procurar ver o lado bom da coisa. Estamos mostrando hoje um quadrado com uma bolinha preta no meio. Durante 8 anos, eu e Fernandina e outros dávamos um curso de noivos e sempre que apresentávamos este quadrado colocado em um papel branco todos viam somente o pontinho preto, o buraco, a mancha negra, ou seja, o defeito que tinha ou que a pessoa imagina ter. Isto é o que as pessoas enxergam nos outros. O resto da folha branca, ou seja, as virtudes, as mensagens, aquilo que dignifica, que é bom, as pessoas não viam. O ser humano é assim mesmo, sabemos. Muitos me cercam na rua para cumprimentar-me, concordando com os meus pontos de vista e meus alertas e até mesmo falando de um dom de antever algum problema, às vezes elogiam o caráter didático. Às vezes concordam com o que eu não escrevi ou até com aquilo de que discordo. Talvez o erro seja meu mesmo. Às vezes não sei me expressar. Não sou ditada e dicionarista, só tenho boa vontade de escrever. Daí, talvez a confusão e o não-entendimento do texto em pauta. Àqueles que não me compreenderam, minhas desculpas. Estou tentando me expressar melhor. A experiência de falar, ler e ouvir são sempre uma surpresa. Os temas me fascinam e me dão a certeza de poder ajudar e opinar. Pelo que tenho recebido de telefonemas e palavras de incentivo e apoio, cheguei à conclusão de que o subsídio não está fazendo barulho à toa, que não é um samba de uma nota só. Muita coisa já foi feita e muitas estão por fazer de acordo com nossas idéias. Não temos pretensão de ser unanimidade. Você já viu alguém ajudar alguém se mantendo calado, imparcial, neutro, paliativo? Não é do meu feitio. Talvez seja um defeito ou talvez uma virtude, de qualquer maneira é um direito democrático e um ato de cidadania. Procuro sempre falar o que me vem ao coração, sempre com o objetivo de ajudar meu semelhante. Escrevendo uma coluna, tomo posição, critico, opino. Colunista é pra isto. Colunista sem opinião, aquele que sempre está em cima do muro, um “Maria vai com as outras”, seria uma completa inutilidade. Às vezes, fico pensando que até o novo governo federal, empossado há menos de um mês possa ser processado pelo ex-presidente FHC por plágio com a exigência de direitos autorais. Sabe por que? Porque Lula aumentou os juros, disse que a CPMF vai ser prorrogada, congelou a tabela do IR, discute a inclusão do Brasil na Alca e tece elogios às propostas de reforma tributária do governo anterior.
            Nossa Senhora! Perdi-me. O negócio é a Várzea da Estação. Quanto a minha matéria: “Primeira enchente do século XXI” publicada no O Imparcial de 26.01.03, por falta de espaço não foi esclarecido, a bem da verdade e da justiça, que se alguma ocorrência trágica acontecer em alguma construção que venha a ser feita no local não é por culpa da respeitada família Caiaffa Mendonça. As glebas que estão sendo vendidas são mais apropriadas para olaria, pequenas granjas, serrarias, plantios de hortaliças, pastagens de bovinos e eqüinos ... enfim, coisas do gênero. Foi sempre uma preocupação dos irmãos proprietários alertar, inclusive por escrito, aos promitentes compradores das áreas a serem desmembradas (terreno em inventário) das ocorrências climáticas adversas que poderiam ocorrer com enchentes na várzea e deslizamentos nos barrancos de todos os terrenos vendidos, que estão a mais de 30 metros do rio (área proibida à construção). Por tudo isto e por isto mesmo, os terrenos estão sendo vendidos por um preço muito baixo. Em 1952 na época que eu ainda brincava de “COME BOY – venha rapaz / mãos aos altos / você está preso” (lembram-se ?), o saudoso e inesquecível José de Assis (Editorial – O Imparcial de 09.03.52) já falava que a várzea era um celeiro de grãos. Soube pelo Sylvio com “y”, que naquela época, já se colhia lá 40.000 kg de arroz, 400 arrobas de fumo e grande quantidade de feijão. Se hoje não está para grãos, que esteja para bovinos e eqüinos, pelo menos.

            Ratificamos nossa opinião e alerta das matérias: “A ÚLTIMA ENCHENTE DO MILÊNIO”, publicada na edição de 19.12.99 de O IMPARCIAL e “PRIMEIRA ENCHENTE DO SÉCULO XXI” publicada na edição de 26 de janeiro próximo passado: o local é inadequado e altamente perigoso para construções de moradias. Para resolver o problema já criado com estas construções recentes e já existentes talvez não existem modelos urbanísticos, truques arquitetônicos ou esforços civilizatórios. Esses problemas escapam ao poder dos homens e precisam ser respeitados. A natureza tem suas leis, suas regras, suas razões, seus mistérios e suas vinganças. As provas vocês viram através desta última enchente na “várzea da estação”. Vamos dizer que ela deva servir de parâmetro para aqueles que quiserem, de qualquer maneira, construir apesar dos pesares e dos alertas de Deus e do povo. Nestes casos, pelos menos, que o façam a um nível acima do patamar da escada que serviu de ponto de referência para estabelecer as DUAS maiores enchentes a de 1984 e a de 2003, ou seja, pelo menos 1 metro acima do nível daquela escada da Fazenda do Cel. José Mendonça dos Reis. È isto que deveria ter sido feito com a ponte construída agora na mesma altura da anterior que fora mudada do pé do morro para o centro da várzea, aquela que o rio levou um dia e que pode levar de novo, por óbvio. O nível é importante, a profundidade não importa. Um exemplo?: a PONTE RIO-NITERÓI.

- Trevo de Carandaí

                           TREVO DE CARANDAÍ                 Crônica publicada em 15.02.2004 na minha coluna SUBSÍDIO do joranal O Imparcial.




            Se o perigo que rondava este trecho da BR-040, ou seja, esta tremenda cratera que por lá ficou aproximadamente 4 anos sem solução por parte do órgão competente e que somente agora, em novembro de 2003, foi sanado após diversas mortes somadas às 4 de dezembro/93. Será que isto significa que podemos ter esperanças em soluções nos nossos perigosos trevos de Rio Pomba também? Nosso trevo do CEFET, saída para Ubá e a saída para Barbacena onde muitas mortes já aconteceram, continuam perigosíssimos. Lembramos que a necessidade é a mãe de todas as coragens. Fomos pessoalmente e deixamos o Imparcial em todos os órgãos de trânsito em Belo Horizonte. Falamos também do viaduto da vergonha. O viaduto Vila Rica, conhecido como viaduto das almas que mesmo depois de mudar de nome continua matando conforme aconteceu agora em janeiro Na ocasião, fizemos 4 matérias com o título de VELOCIDADE MÁXIMA neste semanário com a única finalidade de tentar combater o que nos afligia na ocasião: os males do trânsito, a indústria da multa, a malandragem para aumentar a arrecadação, a epidemia dos radares, arapucas nas estradas com única conotação de multar, verdadeiras armadilhas inclusive com o vício de impor a educação através da punição. Falamos da filosofia dos caminhoneiros dizendo que deveríamos ser pacientes na estrada para não sermos pacientes no hospital. De tantas coisas falamos na ocasião referente a este assunto tão empolgante, que nosso espaço no jornal estava sempre indo pras cucuias a ponto de nos estendermos a 4 artigos e recebermos diversas correspondências elogiosas do DNER, do Bhtrans e de diversos brasileiros e brasileiras como teria dito o nosso ex-presidente José Sarney. Se aquela era a época do remédio falso, da gasolina falsa, dos guardas falsos e falsos guardas que sempre diziam: “Pssiu”: é segredo... Uns trocados aí para o leite das crianças e a gente resolve sem lhe prejudicar, “mermão”. Hoje a época é a do ÓCIO parlamentar com pouco mais de 50 congressistas dos 594 senadores e deputados daquele que seria o primeiro dia de trabalho extra. Nenhum trabalhador que tenha 90 dias de férias, e expediente de terça a quinta, pode dar conta de sua agenda de trabalho. Será que foi cômica ou trágica esta sessão que durou apenas 4 minutos? Você sabia que eles receberão indo ou não às sessões? Será que não seria o caso de eles devolverem esse dinheiro? E a honra e a idoneidade? Onde ficam? Você não acha que este tempo de recesso (leia-se férias) de juízes, deputados e senadores deveria ser como o dos outros trabalhadores, não menos dignos desse país: 30 dias? Na outra semana, na convocação do congresso faltou quorum e houve sumiço de deputados. Nas votações havia um intenso movimento de parlamentares que registravam sua presença e sumiam do plenário como filhos de viúva rica. Este “bendito” painel da Câmara indicava 446 deputados, mas somente 12 participavam da sessão, pasmem! Reformas? Você não acha que a primeira deveria ser a do Congresso? Heloísas Helena tomem providências. QUEQUIÁ! Quem vai atirar a primeira pedra na falta de vergonha?
            Uma das correspondências das quais falei acima, eu a recebi do meu particular amigo dos tempos de BH, o competente, culto e admirável Raymundo Mendes ao qual agradeço. “Não é o ângulo reto que me atrai nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”. No cartão com esses dizeres de Oscar Niemeyer, assim se expressou o meu amigo Raymundo: “Totônio e Fernandina, A Bhtrans, órgão encarregado do trânsito e transporte de BH, está precisando de alguém que apresente soluções simples e criativas. Ao ler O Imparcial, o que faço habitualmente, achei alguém. Tudo de bom procês neste ano que se aproxima. Um abraço do Raymundo. Dez.2002”. Raymundo foi um dó você não estar em Cabo Frio no Réveillon pra gente se abraçar melhor e lembrar de nossas aventuras!!! Novamente aquele abraço.

            Essas minhas crônicas são um misto de autobiografia, lembranças... Não sei. Nunca escrevi.Tudo tenho feito descompromissada e espontaneamente. Possivelmente tenha que ficar sem escrever por uns dias porque sofri um acidente em Cabo Frio. São causos que sempre acontecem comigo. Uma hora ainda vou contá-los todos. São engraçados. Esse foi mais ou menos assim: eu já estava com problemas de bursite e tendinite há anos, desde meus tempos de banco. Em outubro e novembro do ano passado, em uma clínica da dor em BH me submeti a diversos tratamentos com fisioterapia, acupuntura, inclusive com injeção no pescoço. Nossa!
            Na praia já estava bem bom até trombar com a porta. Seguinte: lá onde era o cinema desmancharam o prédio e fizeram 3 cinemas e diversas lojas e com uma galeria que sai daquela rua de traz (Rui Barbosa) para a praça. Pois bem, peguei na tal galeria uns retratos e fiquei na porta de uma livraria em frente no conversê com um amigo que passava. De costas pra porta de vidro transparente e limpa e sem qualquer sinal de advertência. Quando me virei para entrar, foi a maior trombada que me levou ao chão, esparramando retratos, óculos, pernas e braços para os lados. Para me levantar eu via duas, 3 pessoas. Estava grogue. Levaram-me pra dentro da tal livraria. Cada menina bonita sô! Perguntaram-me: você quer uma água com açúcar? Ao que respondi: haaá! Vocês queriam era acabar comigo mesmo! Colocaram uma porta fechada fingindo que estava aberta e agora me oferecem água com açúcar eu sendo diabético! Aí, elas me trouxeram um cafezinho e a jovem até colocou na minha boca, pois estava trêmulo. Continuando perguntou-me: o que mais você deseja? Olhando pra ela, de baixo pra cima, sentado na cadeira, vendo aquela boca carnuda e sensual e aquela jovem linda, não me restou outra alternativa. Disse-lhe: necessito de uma respiração boca a boca. No que ela me respondeu: é pra já. Fui noutro mundo e voltei. E agora? O que faço? Pra que fui brincar? Ai ela chamou: Margarida, Margarida. No que apareceu um negão, bigodudo e bichoso (era o segurança). O que o senhor deseja? O que eu podia responder? Desejo que a senhorita me abra a porta que preciso ir embora com urgência. Isto 2 dias antes do Réveillon. Passei aqueles dias com uma tipóia virtual. Ou seja, parecendo que estava com a mão na tipóia para não piorar a situação do braço. Resumindo: agora quinta-feira (29.01), no Hospital Monte Sinai em Juiz de Fora, deverei me submeter a uma cirurgia com o competente Dr.Avelino Caldas Leitão, que já operou o joanete do pé esquerdo da Fernandina esta semana. Tudo no meu ombro direito, que após exame ecográfico constatou ruptura total do tendão supra-espinhal. Nome chique né? Mas a dor é forte. Não sei se poderei escrever por muitos dias. Com a mão esquerda fica muito difícil.

Até a próxima. Queremos uma Rio Pomba desenvolvida, justa e democrática.

- Seria o Brasil do Robinho, ou do Roubinho? 2º Capítulo

Seria o Brasil do Robinho, ou do Roubinho?
2º Capítulo (Crônica com humor não-publicada)




            Enquanto o Robinho tem patrocínio, o Roubinho usa de outra tática para se apossar da coisa alheia, o latrocínio; enquanto o um joga bola e é um craque, o craque do outro é outro; o Brasil do Robinho ganha no campo honestamente o do Roubinho ganha no campo, desmatando, empurrando a miséria para o meio de campo, roubando dinheiro público até de cestas básicas e mandando pra Suíça; enquanto um fica feliz com um gol, o outro não se contenta com nada menos do que um BMW. Enquanto o Robinho entra na igreja porque viu o cartaz: “se você está cansado de pecar, entre!”. O outro escreveu debaixo do cartaz: “se não estiver, ligue!”. Deputado X + Y do mensalão nº 9915.6874.

            Não me preocupo com você que vê esses problemas, me preocupo com você que não os vê. Às vezes fico pensando: quando um cara não tem assunto ele fica com esses disse e disse ainda mais. Uma crônica com falta de assunto é uma tradição nacional. Penso que algum cronista deveria até se valer de um cardápio de assuntos. O meu cardápio vem do dia-a-dia, do quotidiano, da realidade. Se você não está gostando, está com o saco cheio, dessa crônica, paciência! Ainda bem que não sou eu o leitor. Seria uma crônica de segunda porque o autor não tem pedigree. Dos males o menor, ainda bem que sobrou você para me ler.

            Direito? Que direito? Quando encasqueto com uma coisa! Posso até dar com os burros n’água, mas penso que a gente tem o direito de uma vida digna assim como de uma morte digna. Há de se partir do fato de que a morte pertence à vida. O que vemos é que muitos ficam atrelados a aparelhos e a medicamentos que prolongam a vida de modo vegetativo. É lógico que o médico deve fazer tudo para curar o paciente e proporcionar os remédios para aliviar-lhe a dor. Não significa que deva recorrer a tratamentos extraordinários para prolongar a vida ou postergar a morte, sobretudo em situações limite. Importa “deixar morrer”, o que não é a mesma coisa que “fazer morrer”. De qualquer maneira o termo eutanásia é polêmico, nem por isso devo deixar de falar dele. Fica aqui o meu registro como se fosse uma carta de último dia: não me deixem sofrer. AH! Também não deve chegar a esse ponto não, sô!

            Por que falar nisso tudo agora? Justamente porque enquanto nosso ídolo Robinho deve ser admirado, o Roubinho deve ser extirpado, eutanasiado. Se um homem mata o outro e é condenado à morte, mas se matar muitos no campo de batalha é considerado um herói. A mulher que trai o marido é desprezada, mas o homem que tem muitas amantes é admirado. Quando um pobre rouba um pão é chamado de ladrão. Quando um rico ou um político desses ai da CPI rouba dinheiro público, que poderia acabar com a fome do brasileiro, é chamado de esperto. Muitos consideram normal um velho casar-se com uma jovem, mas ridicularizam a velha que se casa com um jovem. Dizem que o homem é a obra prima da natureza, mas tratam seus gatos e cachorros bem melhor do que seus empregados. Não dê atenção a esses seres inferiores e medíocres.

            Todo isso me faz lembrar dessas senhoras que vivem a fazer massagem dizendo que o massagista não é chegado, é gay, mas e se ele tiver uma recaída? É melhor não ariscar! E por falar em recaída... Oh la la la, c”est magnifique!!!! Parece que o Parreira teve uma dessas recaídas, escalando um time ofensivo. Escalando não uma promessa, mas uma realidade, o Robinho. Acho que ele pode ter pensado: à beira de um precipício só há uma maneiro de andar para a frente. É dar um passo atrás. Errar é humano, persistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano. Qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas somente um gênio é capaz de vendê-lo.Por isso vamos curtir nossos gênios e rezar por nossos heróis Um homem tão previsível está a nos proporcionar momentos sublimes, inesquecíveis com emoção a ser guardada para sempre. Na retina e nos tímpanos com aquele vozeirão do Galvão Bueno: pedala Robinho, pra cima deles Robinho Ainda bem que não é o Rubinho e nem o Roubinho.

- Seria o Brasil do Robinho, ou do Roubinho? 1º Capítulo

Seria o Brasil do Robinho, ou do Roubinho?
1º Capítulo - (Crônica com Humor não-publicada)
17/JUN/2005 (15 minutos após Brasil 3 X 0 Egito – Copa das Confederações da Alemanha)



            Enquanto um joga bola o outro pede bola, enquanto um joga de amarelo o outro joga de laranja, enquanto um tem comissão técnica o outra tem comissão parlamentar. E por ai vai: patrocínio, latrocínio, um com ótimo banco de reservas o outro com ótimas reservas no banco. Um tem um companheiro trombador, o outro um companheiro trombadinha. O Robinho vai para a Alemanha, o Roubinho, pra Suíça.
            Muitos de nós só se preocupam com o que acontece dentro de nossa casa. Fora dela, o que acontece não é de nossa conta. Dentro dela impomos regras, fora dela somos alheios. O bem-estar da comunidade não nos diz respeito. Esses não sabem o que é Cidadania.

            Qual o quê? O meu solo é verde-amarelo sim Senhor!!! Transposição do Rio São Francisco ou transposição do dinheiro público? O Ratinho já provou que é possível colocar água para aquele nossos irmãos de modo fácil, bom e barato, além, de transparente. Cisternas, poços artesianos. Ou o dinheiro não é fundamental. Ou você acha que eles se preocupam mais com a idoneidade? Façam-me rir. E o nosso intelecto, onde fica?

            Às vezes fico pensando: bem feito. Esse moço Roberto Jefferson, depois que perdeu metade do seu corpo, nos fez ver, pelo menos até hoje (16/06/2005) que tudo isso parece mais formação de quadrilha do que política de alianças. Repito: bem feito, quem manda se unir, nas aperturas, com más companhias, em nome de uma suposta governabilidade. E por falar em aperturas me lembrei de uma: “Tudo é relativo. O tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está”. Isto nos salpica a todos brasileiros e brasileiras, como teria dito nosso ex-presidente. Aí nós dizemos: “Diga-me com quem andas e eu te direi se vou contigo”.            “Vossa Excelência é um ladrão”, “Vossa Excelência não é macho”. Etc. Etc. Quem disse? Sei lá! Todos dizem e sempre disseram. Só faltava que um desses senhores jurasse, de pé junto, abaixo da linha do equador, que devia tanto que nem podia chamar alguém de meu bem... se não o banco tomava dele. Lembre-se do seguinte: cada um deles recebe mensalmente R$ 12 mil que logo serão R$ 22 mil; auxílio moradia: R$ 3 mil; verba para despesas com combustíveis: R$ 15 mil; verba mensal de recesso: R$ 25.400; verba de gabinete: R$ 35 mi. Só até ai R$ 101 mil nas mãos de cada um deles todos os meses. Verba de passagens aéreas em número de quatro mensais além de morar de graça em apartamento luxuoso e poder contratar 20 servidores para o seu gabinete. Por tudo isso penso que eles devam ser melhores do que nós, pobres mortais. Têm até 14º salário, direito a 90 dias de férias todo ano e uma folga remunerada de 30 dias. Para não falar nos jetons que recebem por presença na câmara, como se isso não fosse sua obrigação. Tudo isso é feito legalmente. Imaginem o que fazem por baixo do pano e/ou quando participam, eles próprios de CPI’s para se julgarem.

            Em quem podemos confiar? Agora não é hora de justificações e sim de apurar a verdade, doa a quem doer, punições, de reaver o dinheiro roubado do povo, de cadeia. É hora de retratação por parte do governo diante do povo que foi espoliado, lesado, enganado em sua boa-fé.
            O Evangelho ensina que só a verdade liberta. Sonhar ainda é possível nesta Terra de Santa Cruz. O sonho é a matéria prima da esperança. O que seria o ser humano sem os seus sonhos.

            É como filosofaram Sócrates, Platão e Aristóteles quando se encontram num boteco para tomar umas: “Nunca desista do sonho. Se não encontrar numa padaria, procure na próxima”.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

- Homenagem para o Sandro Borges

HOMENAGEM DO CASAL ANTÕNIO FÁBIO E FERNANDINA E FILHOS.


À família do Sandro Borges.



ATESTAMOS que toda a família do Sandro, sua esposa Ângela, sua filha Ana Luzia, seus pais, o amigo e companheiro de seresta de adolescência Geraldo Borges, sua mãe Lecy, e seus irmãos Sérgio, Eliane, Anuska, Luciana, Cleise, Gessila, Juliano e Geraldo Júnior, são peças caríssimas de nossa coleção de benquerenças. Assim, na impossibilidade de nosso comparecimento, tomamos a liberdade de nos fazermos ouvir na voz do nosso amigo comum “Helinho” e transcrever, como forma de homenagem de aniversário de um ano de seu falecimento, um POEMA do amigo poeta Moacyr Sacramento, o Moa, fundador e baluarte da “Casa do Poeta” de Conservatória (RJ), que nos parece apropriado para a ocasião. O compositor e popular Sandro era amoroso, alegre, de personalidade carismática, de musicalidade nata. Seu único CD, “Alma Vadia”, e ele próprio, nos deixaram ainda “MOÇO”.

 O MOÇO

Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim,
quantas cartas mandei e recebi.
Se mais jovem, se mais velho ... o que importa,
se ainda sou um fervilhar de sonhos,
se não carrego o fardo da esperança morta!
Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim,
quantos beijos troquei – BEIJOS – de amor
Se a juventude em mim ainda é festa,
se aproveito de tudo a cada instante
e se eu bebo da taça gota a gota ...

Ora! Então pouco se me dá que gota resta!

Não me perguntem quantos anos tenho
mas ...
queiram saber de mim se criei filhos,
queiram saber de mim que obras eu fiz,
queiram saber de mim que amigos tenho
e se a alguém, pude eu, tornar feliz.
Não me perguntem quantos anos tenho
mas ...
queiram saber de mim que livros li,
queiram saber de mim por onde andei
queiram saber de mim quantas histórias,
quantos versos ouvi, quantos cantei.
E assim, somente assim, todos vocês,
por mais brancos que estejam meus cabelos,
por mais rugas que vejam no meu rosto,
terão vontade de chamar-me: O MOÇO!

E ao me verem passar aqui ... ali ...
não saberão ao certo minha idade,
mas saberão, por certo que eu vivi!

- Raiz de valores

         RAIZ DE VALORES

                                                   (10.02.2002 - crônica não-publicada)
         
            Às vezes falamos sem pensar e agimos espontâneamente. Vem-nos a cabeça diversas frases, diversos pensamentos e cenas, ocasionando um turbilhão em nosso cérebro. Às vezes, aliás, muitas vezes agimos por impulso, agimos contra nossa vontade, por necessidade. Só se tivéssemos um script, poderíamos saber o que pensar e falar em determinado momento. No nosso cotidiano nos deparamos com situações embaraçosas que nos tiram do sério, que nos levam a falar, gritar e botar pra fora tudo aquilo que nos vem à mente, coisas ruins e boas. Disso tudo falamos eu e o Erasmo. Já falei dele. É um amigo meu de infância. Ele é um pensador. Com ele aprendo muito. Disse-me que o mundo talvez fosse muito mais justo, mais ético, mais honrado se cada um de nós pensasse e agisse conforme o coração, pois muitas vezes a RAIVA se estabelece na área da razão, não que seja correto, mas com certeza não é no coração, se fosse, ao ilustrar o coração, pintaríamos de preto e não de vermelho, que é a cor da paixão, do amor, da ternura. Isso tudo num sábado, no bar do Manezinho, tomando Tônica com limão e caldo de mandioca. Não fumamos e não bebemos mais. Êta vida sô! Ai o Erasmo me disse que uma boa memória tem lá também as suas desvantagens... – Como assim? Perguntei-lhe. – Eu me recordo que tive um colega de serviço que se virou contra mim, um outro que cantava comigo e procedeu da mesma maneira sabendo que sua atitude não lhe traria nenhuma glória dada à falta de ética. Coçando a cabeça branca, ainda com cabelos, continuou: essa minha memória me traz constrangimentos, imagine que eu me lembro muito bem do que diziam há algum tempo o Lula, o Zé Dirceu, o Genuíno. E desencadeou outra ofensiva: segundo o mestre Aurélio, ética significa estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto, e reclamou e esperneou e continuou – a idoneidade é a aptidão, a capacidade, a competência e a honra é o sentimento de dignidade, o brio, a grandeza, a honestidade, a consideração e a homenagem à virtude, às boas ações ou às qualidades de alguém. Um novo intervalo, desta vez para bebericar e lá vem mais Erasmo: a honra é, até hoje, uma das fontes de moral que orientam a sociedade. O seio da família traz a dignidade quando ela é digna, honrada, idônea. A ética nasce da base da existência humana e reside na razão. O afeto, a emoção, numa palavra (continuou) a paixão é um sentir profundo, é entrar em comunhão, sem distância. Com a intimidade de nossa antiga amizade foi logo me dizendo: estou quase acabando e deu uma pequena pausa para recuperar o fôlego e mandou ver: a ternura e o cuidado com o outro, o gesto amoroso que protege, o vigor quando necessário, os valores da democracia, a orientação para ver com os olhos da liberdade, o ensinamento de reais valores, o vigor e a contenção sem dominação, a direção sem intolerância, tudo que fundamenta uma verdadeira família nós dois temos, não é mesmo? – Nossa! Até que enfim a palavra me sobrou. Muito obrigado amigo. Espero que isto que você está falando, não seja porque lhe tenha sido negado, de alguma maneira, alguns de seus direitos, mesmo que afetivos, impossibilitando-o de demonstrar, com alguns dos seus, os reais valores de uma família unida pelos ideais. O Erasmo se calou, preferiu mudar de assunto. Pensei: que homem! Ficamos no conversê com os vizinhos de mesa. E o frio apertando (isto foi em julho). Ai ele me confessou que estava muito ansioso e que essa emoção era normal. Ponderou que todas as pessoas sentem ansiedade, em graus variados quando se sentem ameaçadas ou sob pressão. É um sinal de alerta que permite ao indivíduo ficar atento a uma situação adversa e poder tomar as atitudes necessárias para lidar com ela. Continuou... Isto funciona como forma de defesa, ou seja, é um sentimento útil a todas as pessoas. Sem ela ficaríamos vulneráveis a situações de perigo ou ameaças. Ela nos leva a enfrentá-las com sucesso. A ansiedade é diferente do medo. O medo é ligado a uma situação que apresenta perigo, real ou imaginário e nos leva a evitá-lo. Que não era o caso dele, segundo deduzi. Nesse espasmo de palavras livres, surgem a esmo diversos outros assuntos, sobre disputa, harmonia social, liberdade. E o frio apertando. Ai alguém bate no meu ombro, por detrás, tampa meus olhos e pergunta disfarçando a voz: “Guess who this”. Pedi-lhe: traduza meu. – Ele disse: adivinha quem é, e acrescentou “Do you spead inglish” – “I don’t ispique inglish” (eu não falo inglês) respondi-lhe no inglês do Lula. Virando-me vi que se tratava do casal 20 Chico Caiafa e Marta Baiana indo pra casa depois da cervejinha do sábado. Despedimo-nos e marcamos encontro para o sábado seguinte às 8 da noite no Casarão administrado pelo casal Márcio e sua esposa, ou na Churrascaria Lero Lero dos amigos Garapa e Gezilda, no Corujinha daquela família amiga e espetacular do Deacir (nesse local teria que ser mais cedo porque lá não é muito da noite não), ou no Doce Mania do Batista e Cristina sua esposa  ou  ainda na Pizzaria Piato D’oro do Sô Geraldo e Yeda e filhos, simpática e competente família importada do Paraná. Marque você, falei com o Erasmo. Em todos esses lugares sugeridos estaremos muito bem servidos. Podes crer ... - Sábado te telefono. Tchau. Tchau.

- Primeira enchente do século XXI

PRIMEIRA ENCHENTE DO SÉCULO XXI


Publicada em minha coluna SUBSÍDIO (Imparcial de 26.01.2003)


            O negócio é numerar mesmo as enchentes, senão corremos o risco de perder a conta. Antes também aconteceram outras, mas vamos falar somente daquelas que presenciamos desde meus tempos de adolescente. Lembro-me a de 52, a de 60, que levou a casa do Vavinho, a de 61 (a maior da época), as de 62, 63, 65 e a de março de 66 quando as margens do nosso rio Pomba foram alagadas por um período maior de tempo.
A de 1982 não atingiu as várzeas da estação. Foi do córrego do Tejuco e do rio Formoso pra baixo.
A água atingiu um nível de mais de metro na Praça central de Guarani, tendo havido grande prejuízo em dezenas de residências daquela cidade amiga e hospitaleira fato que se repetiu agora.
Em l979, aconteceu aquela que pensávamos ser a última do milênio, porque já se fazia 14 anos que o problema não se repetia. O governo achou por bem dinamitar a cachoeira de Passa-Cinco, rebaixando o seu nível em, aproximadamente, 3 metros. A história se incumbiu de mostrar que aquele procedimento não foi feliz, além de tirar todo o encanto e a beleza da cachoeira, pois as enchentes continuaram a acontecer.
Em 1983 aconteceu a 1ª maior enchente de todos os tempos. Em dezembro de 1999 nossa diretora e amiga Carmen Lúcia procurou-me e pediu-me que escrevesse sobre as enchentes que estavam acontecendo naquele dia, 09.12.99. Foi então que fizemos a matéria “A ÚLTIMA ENCHENTE DO MILÊNIO” publicada na edição de 19.12.99 de O IMPARCIAL. De lá pra cá, tomamos gosto de escrever, por isto estamos repetindo a dose. Na verdade não esperava que São Pedro também o fizesse.






            Não é que, hoje (20.01.2003), presenciamos a 2ª maior enchente de todos os tempos. Rio Pomba perdeu 9 pontes na zona rural, região mais prejudicada. A rodovia que liga Rio Pomba a Barbacena ficou interditada porque caiu a cabeceira da ponte do barão, aquela do trevo de Mercês, cidade que também ficou isolada porque além de cair a ponte Maria Clara logo na entrada do município, diversas barreiras interromperam os 6 km que ligam a cidade ao trevo. Silveirânia amanheceu sitiada porque as águas levaram a ponte do morro da Maria Ruberta (córrego das almas onde caiu um carro com um casal e três crianças. Todos se salvaram), logo naquela descida da Fazenda do saudoso Geraldo Faria. Não é que, na manhã de segunda-feira, 21, Piraúba amanheceu de luto porque um carro com 4 pessoas desapareceu nas águas do Ribeirão que, com a enchente atravessou para dentro do Hotel Prata.
            Estes 4 não tiveram a mesma sorte e foram encontrados no dia seguinte já sem vida. A Marmoraria Prata, e o Shopping e toda população também sofreu muito. Somente 4 anos se passaram após aquela última enchente do milênio (99), a que nos referimos, e nossa cidade amanheceu em polvorosa com todos estes acontecimentos e com uma enchente de toda pompa, como nos velhos tempos. Naquela ocasião já alertávamos a comunidade de que construir na Várzea da Estação seria construir num local inadequado e altamente perigoso. Não é que continuaram a edificar no mesmo lugar. E o pior, estão loteando a várzea do outro lado da ponte num local ainda mais perigoso onde as enchentes já derrubaram 7 casas da família Caiaffa Mendonça contando com a casa do Vavinho em 1960. Para falar a verdade, não sei a quem os proprietários deveriam pedir autorização para construírem lá. Se à Prefeitura, se a São Pedro ou... tendo em vista que o DOMICÍLIO É DO RIO. Pasmem!!! No local da antiga ponte da estação, aquela que o rio levou um dia, foi construída uma outra na mesma altura, ou seja, no mesmo nível, e, pra confirmar, foi inaugurada diversas vezes. Donde concluo, que quando o rio quiser levá-la de novo é só resolver. Sua tarefa foi facilitada. Hoje, a água já está passando por cima dela. Vamos aguardar a próxima enchente! Nós somos uma cidade privilegiada. Temos uma topografia invejável. Enquanto Guarani, Cataguases e outras cidades banhadas pelo o rio Pomba sofrem com as nossas enchentes, nós vamos à rodoviária e nos morros tirar fotos e dizer: Que beleza de paisagem! A cidade fica num nível muito mais elevado, portanto sem riscos. O único seria construir às margens dos rios, meu povo. Relativamente a tudo que tem acontecido no Estado e no País de um modo geral, devemos nos considerar premiados pela própria natureza. O Clube da Lagoa encontra-se também inundado e todas as ruas adjacentes também. A razão é simples e a solução muito difícil. Já foi objeto de uma matéria nossa: “Mergulhão da APAE”. A canalização foi muito mal feita, com tubulões insuficientes reduzindo a passagem da água em mais de 60%. Como é de se esperar, toda vez que chover, enchentes deverão acontecer novamente. Para piorar a situação, os ignorantes e criminosos da natureza ainda jogam pneus, colchões velhos e garrafas plásticas nos bueiros de lá. Merecem prisão e algumas solucionáticas podem e devem ser tomadas. Lata de cerveja você não encontra lá porque foi criada uma cultura de reaproveitamento pra elas. As garrafas plásticas, as embalagens de polietileno e outros corpos estranhos não devem ser jogadas lá, porque senão continuarão a ser uns dos fatores a contribuir para o entupimento dos bueiros e suas galerias pluviais. Saibam que hoje, no Rio, estão aproveitando estas embalagens em oficinas de artesãos para bolsas de praia, entre outros apetrechos da moda pet. Até roupa podem ser feitas com elas. Nem mesmo as prefeituras se preocupam com estas embalagens do lixo urbano. Devemos fazer uma lei obrigando as empresas que utilizam estas embalagens e recomprá-las para reaproveitamento. Devemos reeditar o personagem “Sujismundo” dos anos 70, lembram-se? Sobre o Bairro Nossa Senhora Rosa Mística, temos a dizer que o local foi escolhido para quadra de esportes para aquela comunidade tão sofrida. O projeto já se encontrava na Prefeitura, mas o Prefeito Toninho Motta não chegou a concluí-lo, em razão de seu falecimento. Pois bem, o local foi invadido pelos sem teto e somente não foi, a bem verdade e da justiça, um local hoje marcado por tragédia dessas últimas chuvas, porque o nosso prefeito Giovani houve por bem antever o problema promovendo a contenção das encostas, drenagem das águas das chuvas e sua urbanização, inclusive com calçamento em briquete de cimento e meios-fios. Quanto ao pessoal da Várzea da Estação não chegou a ser nenhuma catástrofe e o problema tem solução (murro de arrimo, de amparo, de fora a fora). Vemos todos os anos: Petrópolis, Teresópolis, Rio, Juiz de Fora, Angra dos Reis, Belo Horizonte, Contagem, Visconde Rio Branco e muitíssimas outras cidades - completo descaso às famílias carentes que ocupam morros, encostas, em meio às matas.
Deslizamentos, desabamentos e mortes, terror às famílias. Desalojados disputando abrigos com suspiro de crianças que brigam por eles, inocentemente. Quem morreu não volta mais.
            Quando acabarem as chuvas acabarão as ajudas? O que seria mais duro, a reconstrução das casas ou dos corações partidos? Em Rio Pomba não termos isso GRAÇAS A DEUS. Você não acha que regularizar a situação dessas pessoas com as escrituras pode levar outras famílias a ocupar outros locais de risco? Temos que pensar bem e procurar uma solução.