segunda-feira, 22 de julho de 2013

- AMAZONAS, O PULMÃO DA HUMANIDADE


                                      AMAZONAS, O PULMÃO DA HUMANIDADE

                                                                                                Antônio Fábio – 22.07.2013

 Pensei, não posso partir sem conhecer de perto tudo isto que estou abaixo descrevendo. Sempre foi um dos meus objetivos. Este artigo está sendo escrito no período da COPA DAS CONFEDERAÇOES da qual nos sagramos campeões, período dos PROTESTOS POPULARES pelo Brasil afora, o povo falando sobre aquilo que lhe aflige, dispensando líderes, partidos e sindicatos, uma nova forma de protestar e uma lição de cidadania. Não tenho partido, sou cidadão do Brasil e do Mundo. Nunca fui a favor de vandalismo, mas vandalismo maior foram o dos nossos políticos e administradores e os “Nicolaus”. Devemos punir todos esses e premiar os outros e nunca ficarmos de braços cruzados.
Vamos ao nosso assunto: o estado do Amazonas é grande e a floresta também, por isso estou dividindo por partes:
1ª Parte – Manaus. Cidade muito bonita, ruas largas e limpas, calor bem forte, mas suportável. Povo hospitaleiro e amável. Conhecemos o Distrito Industrial, a Zona Franca, o Teatro Amazonas (espetacular), Museu do Índio, o Mercado Municipal, o Palacete Providencial, o Palácio Rio Negro, o Palácio da Justiça, a cidade como um todo através de hidroavião que saía em frente do nosso hotel, o encontro das águas e hotéis flutuantes, no meio da selva uma vista geral da floresta inundada, que depois vimos de barco. Percebemos que o Estado tem mais de 350 ONGs estrangeiras ajudando. Penso que é porque a Amazônia tem ouro, manganês, ferro, diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata e a maior biodiversidade do planeta tudo de interesse econômico para laboratórios e nações. Riquezas que somam trilhões de dólares. Na Amazônia ninguém passa fome, nem os ribeirinhos. Diferentemente do nordeste que além da fome ainda têm sede e lá não tem ONG. É fácil suspeitar das intenções e entender os motivos.
2ª Parte – Hotel Tropical Manaus – É um luxuoso resort ecológico localizado na entrada da majestosa floresta amazônica às margens do Rio Negro onde nadamos em uma praia ampla, limpa e comparável a mar. Tudo com tecnologia de ponta e acomodações luxuosas, piscinas com ondas e recreativas, localizado a apenas 10 km do aeroporto e do centro de Manaus. Bar aquático (bar molhado). Centro de convenções com 3200 m2 para 1200 participantes. Com zoológico muito bom, passeio guiado na floresta mata adentro, quatro restaurantes de alto gabarito com especiarias nacionais, internacionais e lanchonetes. Teatros, boates, salas de eventos onde assistimos um Show Temático do Boi Bumbá de Parintins com  o encanto azul do “Caprichoso” e o vermelho do “Garantido”. O resort conta com 640 suítes com diferentes acomodações para diversos bolsos, inclusive presidencial. Um luxo! Tudo isso no coração da floresta. É mole?
3ª Parte – Ariaú Amazon Towers – Lugar que merece um comentário à parte... Em 1982, o oceanógrafo Jacques Cousteau (comandante do Calypso - o famoso barco laboratório) sugeria a sua criação e fez uma declaração com ares de premonição: a guerra do futuro será entre os que defendem a natureza e os que a destroem. Em 1986, três anos antes da queda do muro de Berlim, sepultamos o temor nuclear e iniciamos às margens de Rio Negro, a três horas de barco de Manaus, este que viria a ser um magnífico e o maior e mais respeitável hotel de selva do mundo. Noooossa! Estivemos lá. Que maravilha! Foi um turismo ecológico. Sentimos a natureza em sua plenitude. Ouvimos a escala de sons claros, apaixonados e muitas sucessões de tons acima e abaixo, trinos e regorjeios. Seria o saci ou algum gênio da floresta? Eram gargantas de ouro... Acordamos com essas canções no meio de plantas medicinais, vitória régia medindo 1,8 m de diâmetro, plantas domesticadas como orquídeas e samambaias, fícus e bromélias. Árvores seculares de tudo quanto é tamanho e formas, guaranás e açaís. Comi carne de jacaré, arraia, pirarucu, pirapetingas e pacus, além da de tartaruga. À noite participamos de caçadas aos jacarés. Quanta aventura, sô!
Gosto de conhecer e viver a vida como ela é. O contato direto com a selva e sua luxuriante beleza nos encantou. Ficamos, Fernandina e eu, fascinados pela singularidade do prazer de estar na floresta amazônica. Brasileiros lá eram muito poucos. A maioria alemães, ingleses, americanos, japoneses, chineses e muitos australianos, entre outros. Para nós, era um sonho verde que se realizava. Ficamos hospedados numa suíte flutuante, toda com tela, no meio da selva. É difícil retratar tantas emoções daqueles passeios pelo Igarapós (trecho da floresta, com vegetação própria, alagado pelas águas das enchentes) com cliques e mais cliques no meio de jacarés, macacos, bichos preguiças e onças pintadas, captando cores e aromas da natureza da vida selvagem. Visitamos as casas dos ribeirinhos e ouvimos suas histórias. Penso que nossa participação física e nossos cliques fotográficos nunca vão mudar a realidade daquele lugar. A verdadeira Amazônia fica esquecida nas entranhas da selva com castanheiras de 600 anos, mogno e jacarandás de 1200. O que estamos fazendo não é um sensacionalismo jornalístico às vésperas do apocalipse. De qualquer maneira, esperei muitas primaveras para escrever sobre o assunto porque não se deve escrever antes de conhecer “in loco” e julgar e sentir a sabedoria milenar dos índios e a vivência secular dos caboclos. Por tudo isso é que está no Ariaú Towers uma pirâmide transparente, com as mesmas proporções e orientação solar de QUEOPS, a célebre pirâmide egípcia.
4ª Parte – Passageiro clandestino – Lembrei-me do Projeto Jarí, da largura de 320 km do rio Amazonas, das diversas ilhas, inclusive a de Marajó da qual já tive o prazer de conhecer sua culinária na Gastronomia de Tiradentes. Nooosssa! Estou viajando clandestinamente e sentindo a presença respeitável de um gigante. Nooosssa! Minha imaginação corria sobre a superfície, ainda bem. A quilha do nosso barco não deveria encalhar, estávamos em águas profundas e seu calado era apropriado.
A causa da devastação amazônica está nos escritórios bem ornamentados das lideranças econômicas e políticas. Vamos pensar nisso e resolvermos já. O rio Amazonas, com mais de 1000 afluentes, é o maior rio do mundo e o mais caudaloso com 6.992 km depois que descobrimos seu veio inicial no Peru a mais de 4000 m de altitude, seguido do Nilo com 6.650 km. Nosso amazonas tem sua bacia hidrográfica no Brasil, no Peru, na Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. O rio Negro nasce na Venezuela e tem 3200 km de extensão. Na região eles dizem que o rio Amazonas só è assim chamado depois do encontro do Solimões com o Negro. O resto do mundo entende que o amazonas começa no Peru e deságua no Oceano Atlântico, sendo o rio Negro mais um de seus afluentes. 
E os botos cor-de-rosa? Interagimos com eles e fizemos muitas fotos, mas não as suas piruetas. Eles possuem um sistema de radar igual aos seus primos golfinhos e são sociais, solidários e afeiçoam-se ao homem. Quem sabe o quê da Amazônia? Os curumins (pequenos índios) riam de nós. Temos que aprender com eles, sua inteligência, habilidade, argúcia, destreza e capacidade de comunicação. Está ornamentando uma parede da minha casa um arco e flecha daquele povo.
A terra não pertence ao homem, mas o homem é que pertence à terra. A Amazônia é a síntese da alimentação da humanidade, a síntese do medicamento necessário, a síntese da água doce, da biodiversidade e do futuro e do pulmão da humanidade.