Sobre
o livro do Sildo: OUTRO LUGAR DO MUNDO
31.10.2013
Muitos leitores meus me afirmaram que meu
livro RECEITAS CULTURA HUMOR é o livro de cabeceira deles porque é alegre,
divertido e cheio de cultura, pois digo-lhe Sildo, que OUTRO LUGAR DO MUNDO é o
meu livro de cabeceira pelas mesmas razões e porque me faz lembrar, como em um
túnel do tempo, do passado e me traz boas
recordações e saudades. Que maravilha de livro!
Eu também não gostava de cortar cabelo
quando criança, quando os tinha. Também assistia no rádio a novela Jerônimo, o
herói do sertão. Até ganhei uma bola de futebol no sorteio por ter declarado
que era amigo do Jerônimo (pag32). Já fiz muita Imbrocação com o saudoso
Zezinho Tonello (fiz um poema a respeito para meu próximo livro). Já fui
assombração na Fazenda São Manoel do vovô Tunico Homem (pag. 286 do meu livro
Crônicas e Causos). A Banda de Música Santa Cecília também era a minha
fascinação quando criança e continua sendo.
Estou
nas asas da imaginação e de boas recordações. Gente do céu, como o tempo passou! Sou
do tempo da caneta Parker, da Glostora e do Gumex, do Óleo de Mocotó, da
Lambreta, do Pontiac, do Gordini e do Studebaker do Beijo Gaudereto, além do
fogão Cosmopolita e da geladeira GE. Do Chico Missunga, Chico Canecão, Zé da Naninha,Bar
do Dorce, Rabicate, Casa Vitoriosa, Veludo, Nestor, Romeu Preto, Maria Paca,
Pedro Capeta. Agora chegou a vez do nosso NECA. Lembro-me com saudades da
Wilson Churrascaria Drink-Bar, do Loreta (o fortão), Vicente Doido (Pioneiro da
radiodifusão), Chico Piroca, Caveirinha, Zoberto, João Arrighi, Dona Águida da
Churrascaria do Clube dos Trinta (fui eu quem a fez em 1970 – hoje Corujinha).
Da Orquestra Copacabana, Ritmos da Noite, camisa Joaquim Rocha, Sebastião Roque
e sua sanfona, dos telefonemas de Dona Pasinha e Dica completados somente por
elas, inauguração do asfalto (1965),
Sebastião Gravina (meu eterno amigo), Jorge Bomtempo, Chico Futrica, e
Lola para encerrar
Que bom saber que não era só eu que
recordava, com alegria, da loja do Ruy Santiago e da Esquina da Sorte do Sr.
Lincoln Lamas, do Saul de Paula, do Adrianinho Saraiva, do Wilsinho, da Manteiga
Uirapuru do saudoso Luizinho Furtado, do Bar Sport (copo sujo) e do trem de
ferro (já até falei sobre o trem às pag. 293 do meu livro de Crônicas e Causos).
O mundo das artes também sempre me fascinou.
Brincávamos de circo no quintal do
Jofre e Dona Pasinha, mas esse do Sildo às pag 38 é de uma criatividade ímpar. Lembro-me
quando empurraram o Batuca (Sr. Dimas) jardineiro do Baixio no tanque do
jardim.
Hum! A gente desfilando pelas páginas do OUTRO
LUGAR DO MUNDO nos faz recordar, com
muita alegria, da nossa infância também. Você lembra dos discos RCA Vitor, Philips, Continental, Odeon,
Copacabana ou Poligran de 78 e 33 rotações? Os aparelhos de televisão eram
Semp, Admiral, Colorado, Windsor... Tudo em preto e branco, maravilha, sô! E você
lembra se sua mãe costurava numa moderna Singer, Vigorelli ou Elgin?
Você se lembra daquelas enceradeiras barulhentas, da cera Parquetina? Você se
lembra do sapato CLHARL (é assim mesmo que se escreve?), do VULCABRAS? Hum... E
as camisas volta-ao-mundo, das blusas de Ban-lon, das calças de brim-curinga,
da saia plissada que parecia abajur? Você se lembra disso? Já viajou pela
Varing, já tomou suco de groselha, viram o nascimento do Q-Suco, tomaram
Grapete e Crush? Isso a gente fazia no Bar do Telim. Se você não se lembra, então você não é antigo o suficiente. Alguém de vocês conheceu os brinquedos Bambolê, a Pomada
Minâncora? Putz, que coisa... Eu ainda tenho uma máquina Remington adquirida
naqueles tempos, os mesmos da Kodak e da Polaroid, da Rolleiflex, heim? Você se
lembra do cobertor Parahyba, já tomaram Biotônico Fontoura ou chegaram a ver
uma propaganda do Sonsiral?
Sou do tempo em
que o Padre Galo de Rio Pomba rezava missa no altar-mor, de costas para os
fiéis, falava em latim e as mulheres solteiras comungavam de véu branco e as
casadas de véu preto. Naquela época o sermão era feito, muitas vezes, no
púlpito. Hum...Que diferença né? Hoje se pega a hóstia na mão e se entra na
igreja de havaianas e bermudão. Tempos modernos, né, gente?
E as CHARRETES? Sou do tempo delas. Recordo-me, com emoção, até daquela que o
Hospital possuía e na qual as irmãs vinham no centro para fazer compras... Vou
ver se acho uma foto dela. Ela tinha cobertura fixada para se proteger do sol
ou da chuva. Interessante!
“FLASHBACK”
- Conjunto Santana, Solfas, The Broths,
Conjunto Lafaiete(dancei muito com eles).
Grupo Escolar São José, Sá Maria mãe do Zé do Hospital. Muitos casos do
Filizzola, da Chácara do Luizinho Furtado com suas alamedas de jabuticabeiras,
suas aves e pomar (que saudades dele). Carros alegóricos do Sô Ruy Santiago com
a Banda Ases da Folia. O Ipojucan e o Ubiratan Ronzani, os Blocos Sujo com seus cabos de vassoura. A
cadeira cativa da Dona Climene no Cine Prolar onde eu vendia balas na época de Marlon Brando (tenho um filho chamado Márlon e
um neto chamado Brandon). Assisti a inauguração do Cine Prolar em 1952 com a
exibição do filme Tico-tico no Fubá. As benzeções da Sá Nica e da Sá Custódia e
as peripécias do seu filho Gustim. Do Mimingo do Sô Henrique Saraiva e do Nonô
Bolão e seu Cuba Libre. Os carros de boi (eu também já manobrei alguns deles
com seu som longo e contínuo que o Delegado proibiu. Os Circos e os cinemas
eram nossas atrações, não tínhamos TV. A Praça de Esportes, a pirotecnia do
Genaro Mendes nas festas de São Manoel, os bailes do Canela Roxa, quando eu e o
Cícero lecionávamos para a Admissão ao Ginásio no prédio de Cine Prolar. As
pedideiras de esmolas dos sábados. Já participei muito do pique de meter a
vara. Lembro-me muito bem do racismo no Clube dos Trinta, Péricles de Queiroz e
sua poliglota irmã Dona Climene, Domingos Vidal e seus papos noturnos e dos picolés
do Telim e do Cine Brasil do Braz
Canônico. Lembro-me muito bem dos vários pianos da cidade. Hoje que estão dormindo
exceção do piano da Dona Joaninha no comando da amiga Carmem Lúcia.
Margarida Caiafa Moreira – Miss Rio Pomba
eu a vi há pouco, bela como sempre. Assisti no Cine Prolar a vedete do Brasil
Virgínia Lane (namorada do Presidente Getúlio Vargas), José Vasconcellos e Lùcio
Mauro, Altemar Dutra e Cauby Peixoto. Tenho saudades dos desfiles de 7 de
setembro de outrora.
Sildo, lembro-me de muitos dos causos que você
contou. Eram da minha época, mas somente depois que os contou. Que memória a
sua, hein? Acho que você estava sempre trabalhando nesse livro maravilhoso, mesmo quando não estava escrevendo e,
agora, fazendo pensar os que podem pensar. Você é um grande escritor, não
por ter escolhido escrever o que escreveu, mas pela forma como escreveu, com
simplicidade, clareza, conhecimento e um português invejável.
Evoluímos né? Escreva sua
história hoje para recordá-la amanhã. Isso o Sildo fez com uma propriedade
incomparável.
Bem, vou parar por aqui, com
tantas coisas pra mostrar sou capaz de ir indo, ir me entusiasmando e acabar me
encontrando com Michelangelo, lá no Renascimento...
OUTRO LUGAR DO MUNDO foi escrito de maneira
simples e agradável e com depoimentos de atitudes nobres, com conhecimento de
causa por um amigo formado no Conservatório de Música de Juiz de Fora em 1975.
Feliz aquele que tem causos de infância para
contar.
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