sábado, 2 de novembro de 2013

- Sobre o livro do Sildo: OUTRO LUGAR DO MUNDO


     Sobre o livro do Sildo: OUTRO LUGAR DO MUNDO

                                                                                                                                31.10.2013                                                                                                                                                                                                                                                               
 
 
Muitos leitores meus me afirmaram que meu livro RECEITAS CULTURA HUMOR é o livro de cabeceira deles porque é alegre, divertido e cheio de cultura, pois digo-lhe Sildo, que OUTRO LUGAR DO MUNDO é o meu livro de cabeceira pelas mesmas razões e porque me faz lembrar, como em um túnel do tempo, do  passado e me traz boas recordações e saudades. Que maravilha de livro!

Eu também não gostava de cortar cabelo quando criança, quando os tinha. Também assistia no rádio a novela Jerônimo, o herói do sertão. Até ganhei uma bola de futebol no sorteio por ter declarado que era amigo do Jerônimo (pag32). Já fiz muita Imbrocação com o saudoso Zezinho Tonello (fiz um poema a respeito para meu próximo livro). Já fui assombração na Fazenda São Manoel do vovô Tunico Homem (pag. 286 do meu livro Crônicas e Causos). A Banda de Música Santa Cecília também era a minha fascinação quando criança e continua sendo.

Estou nas asas da imaginação e de boas recordações. Gente do céu, como o tempo passou! Sou do tempo da caneta Parker, da Glostora e do Gumex, do Óleo de Mocotó, da Lambreta, do Pontiac, do Gordini e do Studebaker do Beijo Gaudereto, além do fogão Cosmopolita e da geladeira GE. Do Chico Missunga, Chico Canecão, Zé da Naninha,Bar do Dorce, Rabicate, Casa Vitoriosa, Veludo, Nestor, Romeu Preto, Maria Paca, Pedro Capeta. Agora chegou a vez do nosso NECA. Lembro-me com saudades da Wilson Churrascaria Drink-Bar, do Loreta (o fortão), Vicente Doido (Pioneiro da radiodifusão), Chico Piroca, Caveirinha, Zoberto, João Arrighi, Dona Águida da Churrascaria do Clube dos Trinta (fui eu quem a fez em 1970 – hoje Corujinha). Da Orquestra Copacabana, Ritmos da Noite, camisa Joaquim Rocha, Sebastião Roque e sua sanfona, dos telefonemas de Dona Pasinha e Dica completados somente por elas, inauguração do asfalto (1965),  Sebastião Gravina (meu eterno amigo), Jorge Bomtempo, Chico Futrica, e Lola para encerrar

Que bom saber que não era só eu que recordava, com alegria, da loja do Ruy Santiago e da Esquina da Sorte do Sr. Lincoln Lamas, do Saul de Paula, do Adrianinho Saraiva, do Wilsinho, da Manteiga Uirapuru do saudoso Luizinho Furtado, do Bar Sport (copo sujo) e do trem de ferro (já até falei sobre o trem às pag. 293 do meu livro de Crônicas e Causos).

O mundo das artes também sempre me fascinou. Brincávamos de circo no quintal do Jofre e Dona Pasinha, mas esse do Sildo às pag 38 é de uma criatividade ímpar. Lembro-me quando empurraram o Batuca (Sr. Dimas) jardineiro do Baixio no tanque do jardim.

          Hum! A gente desfilando pelas páginas do OUTRO LUGAR DO MUNDO nos faz  recordar, com muita alegria, da nossa infância também. Você lembra dos discos RCA Vitor, Philips, Continental, Odeon, Copacabana ou Poligran de 78 e 33 rotações? Os aparelhos de televisão eram Semp, Admiral, Colorado, Windsor... Tudo em preto e branco, maravilha, sô! E você lembra se sua mãe costurava numa moderna Singer, Vigorelli ou Elgin? Você se lembra daquelas enceradeiras barulhentas, da cera Parquetina? Você se lembra do sapato CLHARL (é assim mesmo que se escreve?), do VULCABRAS? Hum... E as camisas volta-ao-mundo, das blusas de Ban-lon, das calças de brim-curinga, da saia plissada que parecia abajur? Você se lembra disso? Já viajou pela Varing, já tomou suco de groselha, viram o nascimento do Q-Suco, tomaram Grapete e Crush? Isso a gente fazia no Bar do Telim. Se você não se lembra, então você não é antigo o suficiente. Alguém de vocês conheceu os brinquedos Bambolê, a Pomada Minâncora? Putz, que coisa... Eu ainda tenho uma máquina Remington adquirida naqueles tempos, os mesmos da Kodak e da Polaroid, da Rolleiflex, heim? Você se lembra do cobertor Parahyba, já tomaram Biotônico Fontoura ou chegaram a ver uma propaganda do Sonsiral?

          Sou do tempo em que o Padre Galo de Rio Pomba rezava missa no altar-mor, de costas para os fiéis, falava em latim e as mulheres solteiras comungavam de véu branco e as casadas de véu preto. Naquela época o sermão era feito, muitas vezes, no púlpito. Hum...Que diferença né? Hoje se pega a hóstia na mão e se entra na igreja de havaianas e bermudão. Tempos modernos, né, gente?

E as CHARRETES? Sou do tempo delas.  Recordo-me, com emoção, até daquela que o Hospital possuía e na qual as irmãs vinham no centro para fazer compras... Vou ver se acho uma foto dela. Ela tinha cobertura fixada para se proteger do sol ou da chuva. Interessante!

“FLASHBACK” -   Conjunto Santana, Solfas, The Broths, Conjunto Lafaiete(dancei muito com eles). Grupo Escolar São José, Sá Maria mãe do Zé do Hospital. Muitos casos do Filizzola, da Chácara do Luizinho Furtado com suas alamedas de jabuticabeiras, suas aves e pomar (que saudades dele). Carros alegóricos do Sô Ruy Santiago com a Banda Ases da Folia. O Ipojucan e o Ubiratan Ronzani,  os Blocos Sujo com seus cabos de vassoura. A cadeira cativa da Dona Climene no Cine Prolar onde eu vendia balas na época de  Marlon Brando (tenho um filho chamado Márlon e um neto chamado Brandon). Assisti a inauguração do Cine Prolar em 1952 com a exibição do filme Tico-tico no Fubá. As benzeções da Sá Nica e da Sá Custódia e as peripécias do seu filho Gustim. Do Mimingo do Sô Henrique Saraiva e do Nonô Bolão e seu Cuba Libre. Os carros de boi (eu também já manobrei alguns deles com seu som longo e contínuo que o Delegado proibiu. Os Circos e os cinemas eram nossas atrações, não tínhamos TV. A Praça de Esportes, a pirotecnia do Genaro Mendes nas festas de São Manoel, os bailes do Canela Roxa, quando eu e o Cícero lecionávamos para a Admissão ao Ginásio no prédio de Cine Prolar. As pedideiras de esmolas dos sábados. Já participei muito do pique de meter a vara. Lembro-me muito bem do racismo no Clube dos Trinta, Péricles de Queiroz e sua poliglota irmã Dona Climene, Domingos Vidal e seus papos noturnos e dos picolés do Telim e do Cine Brasil  do Braz Canônico. Lembro-me muito bem dos vários pianos da cidade. Hoje que estão dormindo exceção do piano da Dona Joaninha no comando da amiga Carmem Lúcia.

Margarida Caiafa Moreira – Miss Rio Pomba eu a vi há pouco, bela como sempre. Assisti no Cine Prolar a vedete do Brasil Virgínia Lane (namorada do Presidente Getúlio Vargas), José Vasconcellos e Lùcio Mauro, Altemar Dutra e Cauby Peixoto. Tenho saudades dos desfiles de 7 de setembro de outrora.

Sildo, lembro-me de muitos dos causos que você contou. Eram da minha época, mas somente depois que os contou. Que memória a sua, hein? Acho que você estava sempre trabalhando nesse livro maravilhoso, mesmo quando não estava escrevendo e, agora, fazendo pensar os que podem pensar. Você é um grande escritor, não por ter escolhido escrever o que escreveu, mas pela forma como escreveu, com simplicidade, clareza, conhecimento e um português invejável.

Evoluímos né? Escreva sua história hoje para recordá-la amanhã. Isso o Sildo fez com uma propriedade incomparável.

Bem, vou parar por aqui, com tantas coisas pra mostrar sou capaz de ir indo, ir me entusiasmando e acabar me encontrando com Michelangelo, lá no Renascimento...

OUTRO LUGAR DO MUNDO foi escrito de maneira simples e agradável e com depoimentos de atitudes nobres, com conhecimento de causa por um amigo formado no Conservatório de Música de Juiz de Fora em 1975.

 

 Feliz aquele que tem causos de infância para contar.

 
 

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