segunda-feira, 4 de junho de 2012

- A clonagem

Publicado na minha coluna “Subsídio” no jornal “O Imparcial”de 21 de abril de 2002.


          Carnaval também é cultura. Abro parênteses. A ética médica em verde e branco. Este foi o tema da Escola de Samba Levanta Poeira, no carnaval de 1998, apresentado pelo Cláuton, meu primogênito. O Cláuton levou para a avenida, através da Escola, a EVOLUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, prevendo com lógica e clareza a possibilidade de transplante de tecidos da medula óssea, podendo recuperar movimentos dos paraplégicos, curar diabetes, paralisia, o câncer, a AIDS, os males de Parkinson e Alzheimer e uma vida mais longa e saudável para a humanidade. Levou, sobretudo, a DISCUSSÃO DA ÉTICA MÉDICA, RELIGIOSA, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA. Avançar sim, mas com prudência e responsabilidade. Já acreditava que a sociedade avança independentemente dos acontecimentos. A partir da divulgação, em fevereiro de 1997, da clonagem de um animal adulto (uma ovelha, Dolly) começou a discussão da ética na ciência e na tecnologia – procurar o bem pode provocar involuntariamente o mal. Na ocasião, ele já pensava que seria um erro muito perigoso proibir a clonagem, pois as pesquisas iriam continuar sem os recursos devidos, podendo, aí sim, tornarem-se monstruosas. Fecho parênteses. Do enredo, também contou o ABORTO e a DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. Destes não vamos falar hoje.
          Em novembro de 2001, já no século XXI, o anúncio da obtenção do primeiro embrião humano clonado, feito pela empresa americana Advanced Cell Technology (ACT), despertou críticas e condenações no mundo inteiro. Não se tratava de duplicar uma pessoa, como em “O CLONE” da Globo do cientista Albieri. Estes embriões, produzidos pela tecnologia de clonagem, morreram antes de terem oito células (para comparação, o corpo humano adulto tem cerca de dez milhões de células). Agora, em meados deste mês de abril, o ginecologista italiano Severino Antinori anunciou que uma paciente sua está com dois meses de gravidez com o embrião produzido pela técnica de clonagem. A dupla Antinori e seu sócio Zavo disputam a primazia do clone humano com a francesa Brigitte Boisselier. Até o pai da ovelha Dolly faz séria oposição à clonagem humana. Por quê? Porque Dolly, com apenas 5 anos, apresenta sinais de envelhecimento precoce e artrite. Não há ainda comprovação e/ou exemplo de que os homens tenham ou tiveram êxito, por razões morais ou religiosas, em suspender a prática de um caminho científico.
          Penso que, de qualquer maneira, independentemente das barreiras morais, religiosas ou legislativas, os homens vão passar à execução do projeto. Formular proibições que serão ignoradas e desprezadas, com certeza. Não vejo razões inteligentes – seria mais aconselhável e eficaz acompanhar esses “progressos, controlá-los, enquadrá-los e dominá-los”. A legislação terá que se adaptar aos tempos novos, mutantes por natureza, que os cientistas estão criando. O clone humano é visto com repulsa pelos católicos (quando há embrião, há alma). No judaísmo, a assunto é tratado com cautela. Já os espíritas acreditam que a novidade pode ajudar a salvar vidas (a alma existe no momento em que o óvulo e espermatozóide se unem – no caso do clone, essa prática não é humana, porque é uma experiência em que o embrião é fabricado sem espermatozóide, logo não tem espírito), pode ajudar a saúde e não contraria as leis de Deus.

          A clonagem de embriões humanos é proibida no Brasil, mas pode ser revista a lei de Biossegurança nº 8.974 de 1995, que permite a clonagem de embriões humanos para fins terapêuticos, mas proíbe categoricamente a clonagem de caráter reprodutivo. Os EUA não têm regras sobre clones, assim como também a Inglaterra, Itália e outros países.

          Pelo exposto, concluímos que tudo continua polêmico e o avanço científico não foi lá essas coisas, QUE NÃO SE DEVE IMPOR LIMITES À INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA e QUE NADA IMPEDIRÁ OS CIENTISTAS DE CHEGAREM LÁ.

O assunto assusta muitos e maravilha outros tantos. Entre Deus e o homem, há mais mistérios do que se pode provar a ciência.

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