segunda-feira, 3 de setembro de 2012

- Não vote em mim - 20/AGO/2012




Esta crônica foi publicada às paginas 103/104 do meu livro
ANTOLOGIA EM PROSA & VERSO
        





           Esta é uma crônica sem qualquer cunho partidário e/ou religioso. Você pode acreditar até em ET, mas não deve acreditar em mim e nem no horário político da TV Capim Gordura. Meu partido político é o “RP”, Rio Pomba. Meu compromisso é com a verdade, meus ideais e comprometimentos.

              Você, realmente, não 
deve votar em mim, primeiro porque não sou candidato, se bem que, mesmo nunca tendo sido candidato, tive 18 votos em uma eleição apurada no Clube dos Trinta. Naquela época era cédula, não era urna eletrônica. E – também – não concordo com esse mau exemplo de legislar em causa própria dado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Brasília quando dobrou seus próprios salários (222%). Fizeram-me lembrar dos deputados mineiros há tempos (64 mil). Não vote em mim, porque você estaria correndo o risco de ver um cara obrigando a todos a devolver o valor de repasses e todos os bens adquiridos de forma ilícita, confiscados. Não vote em mim, porque eu poderia até apresentar uma lei em que o percentual dos aumentos dos eleitos não pudesse exceder aos concedidos aos brasileiros da classe média (bancários, professores etc.). Não vote em mim, pois não concordo com a corrupção, a falta de ética, o empreguismo, a ideia de “levar vantagem em tudo”. Não vote em mim, porque, entre outras coisas, devo ser mesmo um chato porque estou sempre a apresentar soluções para os problemas que atingem o rio-pombense, principalmente.
      Não vote em mim, porque penso que o estupro é o mais hediondo dos crimes, depois da tortura. Deveria ser como a tortura, um crime inafiançável, até porque se parecem e se confundem.
Não vote em mim, porque eu até penso que deve haver, escondida nos subterrâneos do Congresso, uma escola de malandragens, golpes, perfídias e corrupção. Não é possível que tantos congressistas já nasçam com tanto conhecimento acumulado. São Valérios, Malufes, Jéfersons, Genuínos e Severinos e muitos renunciando para não serem caçados e ainda recebendo aposentadorias. Grana sumindo das federais. Escândalos e mais escândalos / Falcatruas!/ Armações e até mensalões/ Prendam todos esses ladrões. Não vote em mim, porque eu iria até rezar para que muitos deputados tivessem febre aftosa, peste suína, ou gripe das aves, tudo para que tivéssemos que sacrificar todo o rebanho contaminado.
      Não vote em mim, porque não vou permitir a devastação da Amazônia, pulmão da humanidade, a agressão suicida ao meio ambiente, a poluição dos rios e das fontes de água potável e a transformação de áreas imensas do tamanho de países europeus em desertos. Não vote em mim, pois vou determinar que as forças armadas entrem nessa guerra. Elas não foram criadas para a guerra? Pois bem. Essa é, também, uma das nossas guerras, além do crime organizado.
      Não volte em mim, porque gosto de espelhar-me em pessoas e políticos de bem e de bom caráter nas suas características nobres, como ética e coragem e que tentam resolver os problemas da pobreza e da injustiça. Olhe como é perigoso votar em mim: posso até me revelar um sentinela que luta pela liberdade e direitos dos cidadãos e os meus objetivos devem se renovar conforme as transformações sociais de cada época. Penso que, sendo cristão, tenho o dever de me esforçar sempre para alcançar novas conquistas, me esforçar sempre para mudar tudo para melhorar nosso amanhã, pensando que Cristo nasceu, morreu e vive para sempre entre nós.
      Não vote em mim, pois posso incomodar muita gente pensando igual a Martin Luther King: “O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons”.


É como disse Niemeyer nos seus 103 anos de idade: “Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião e sim em forma de Camburão”.



      Não quero desesperança, não vote em mim.



                         Um abraço

             Antônio Fábio da Costa
Membro correspondente da AULE – Academia Ubaense de Letras
afabio1@hotmail.com – afabiobrasil.blogspot.com

4 comentários:

  1. Giselle Neves Moreira de Aguiar19 de setembro de 2014 às 09:31

    Isso mesmo Antônio Fábio, quem viveu e viu tem o dever de contar o que aprendeu, para lembrar aos antigos e alertar os jovens, preservando o que sempre teve de bom no nosso meio ambiente social.

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  2. Obrigado Gisele. Não é fácil dizer o que eu disse, principalmente sabendo que quase ninguém concorda com isso. É um risco muito grande a que sempre me exponho com minhas ideias e depoimentos. Vida que segue.

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  3. Adoro ler suas publicações, sempre inteligentíssimas e verdadeiras, obrigada por compartilhar conosco sua sabedoria.

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