sexta-feira, 10 de setembro de 2010

- Super-Zeiro: O apagão pode, a CPI não.

SUPER-ZEIRO: O APAGÃO PODE, A CPI NÃO.
                                     (07.04.2007 - Crônica  não-publicada)


Sobrevoando Avenue des Champs-Elysées minustos antes
de chegarmos ao Arco do Triunfo.

Fernandina e eu estávamos em Paris com o  amigo Arquiteto Dr Vitório Caldoncelli
e olhe 
quem apareceu  para a foto!


             Espero que quem leu minhas crônicas anteriores não as tenha esquecido logo em seguida. A crença em um herói poderoso e íntegro que defende a liberdade e a segurança é o meu fascínio do momento. Uma coisa, porém, é discordar, e outra é jogar pedras. E como assessor do Super-Zeiro e cônjuge da mãe dele, com muita honra, torço, de coração, pelo seu sucesso e de toda sua iniciativa e até fico orgulhoso dela. Iniciativa feita com empenho seja por super-herói ou não, é realmente espetacular, até porque a única unanimidade aceitável é a defesa da pluralidade de opiniões e idéias.
            Às vezes pensamos que cabe ao grande criador do universo perdoar os marginais, o preconceito de que quem acredita é um inimigo, a idéia de que mudar as palavras muda a realidade, os culpados são sempre os outros, os dos outros partidos. O Super-Zeiro não pensa assim por estar entrando na onda de um super-herói moderno e que não fica impassível perante a tudo isso.
            A crise nos aeroportos brasileiros é um retrato ¾ deste governo: falta de projetos, inaptidão para administrar crises, incapacidade para antever dificuldades e imperícia para gerenciar a máquina pública como uma empresa.
            Apagão aéreo, apagão na justiça, apagão na segurança, na saúde, no setor elétrico e cultural... Em todos os sentidos. Os políticos criaram mais um impedindo à criação da CPI. O povo foi, novamente, enganado por esses espertalhões não se indignando ou não reagindo? O Super-Zeiro, não. De que eles têm medo? Uma devassa na Infraero, estatal que administra aeroportos? Por quê? É inacreditável que após exaustivos seis meses, muita falação e desculpas ridículas, o governo não tenha encontrado uma solução para o problema do espaço aéreo. Tudo tem sido uma sucessão de erros cometidos em cadeia por um Presidente e Ministro incompetentes, da Aeronáutica, da Infraero, da Anac às companhias aéreas. Esta novela já demorou mais tempo do que se poderia suportar o mais paciente dos mortais desde o acidente que matou 154 pessoas e marcou o início de uma jornada infernal de atrasos e cancelamentos de vôos, sempre justificados por diferentes, e não raro, fúteis motivos. É a inércia e a cumplicidade das autoridades.
            Operação padrão? Sabotagem? Condições inadequadas de trabalho dos controladores de vôo? Incompetência da Aeronáutica? Fadiga de material? Má gestão, Ganância das companhias aéreas, Corrupção na Infraero? Cumplicidade e omissão da Anac, Desdém? Ou, além do desrespeito conosco, todas as alternativas anteriores?
            O Super-Zeiro não concorda com tudo isso nem, tampouco, com o motim dos sargentos. São militares. Pediram desculpas, mas e daí, e o povo? Erraram os sargentos, o ministro, o presidente Lula. O Super-Zeiro impõe que se mostre à nação que a Constituição continua em vigor. Vamos fechar esta ferida aberta nas Forças Aramadas, sobretudo na aeronáutica.
            Estamos escrevendo isto aqui e agora, como um ato de repúdio e também por ser um ato constitucional da liberdade de imprensa e de expressão. Às vezes fico pensando como Arnaldo Jabor e Dora Kramer, jornalista do Estado de “São Paulo”: será que com a instalação da CPI do Apagão, como as outras CPI’s, iriam descobrir todas as verdades de formas cristalinas, todos os crimes, todas as mentiras, os culpados catalogados? Sim. Claro que sim. Este é o problema: como ousaram ser tão honestos?
            O Super-Zeiro voa, mas a maioria dos mortais não voa, portanto, configura um ato de desprendimento e um não-egoismo do nosso herói. A solução não é pra ele, mas pra todos nós. Vejam que ele foi voando para Paris para se encontrar com seu assessor Antônio Fábio, sua mãe Fernandina, seu irmão Márlon e o amigo Vitório Caldoncelli.
            Denunciar pra quê, se indignar com quê? Fazer o quê? O que aconteceu de punição com as outras CPI’s? De qualquer maneira é um jeito de ser nosso, uma finesse, acordem que o Super-Zeiro está chegando...

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