Páginas 27 a 31 do meu livro "ANTOLOGIA EM PROSA & VERSO" de Antônio Fábio e convidados
Pensei, não posso partir sem
conhecer de perto tudo isto que estou abaixo descrevendo. Sempre foi um dos
meus objetivos. Este artigo está sendo escrito no período da COPA DAS CONFEDERAÇOES
da qual nos sagramos campeões, período dos PROTESTOS POPULARES pelo Brasil
afora, o povo falando sobre aquilo que o aflige, dispensando líderes, partidos
e sindicatos, uma nova forma de protestar e uma lição de cidadania. Não tenho
partido, sou cidadão do Brasil e do Mundo. Nunca fui a favor de vandalismo, mas
vandalismo maior foi o dos nossos políticos e administradores e os “Nicolaus”. Devemos punir todos e nunca
ficarmos de braços cruzados.
Vamos ao nosso assunto: o estado do
Amazonas é grande e a floresta também, por isso estou dividindo em partes:
1ª
Parte – Manaus.
Cidade muito bonita, ruas largas e limpas, calor bem forte, mas suportável.
Povo hospitaleiro e amável. Conhecemos o Distrito Industrial, a Zona Franca, o
Teatro Amazonas (espetacular), Museu do Índio, o Mercado Municipal, o Palacete
Providencial, o Palácio Rio Negro, o Palácio da Justiça, a cidade como um todo
através de hidroavião que saía em frente do nosso hotel, o encontro das águas e
hotéis flutuantes, no meio da selva uma vista geral da floresta inundada, que
depois vimos de barco. Percebemos que o Estado tem mais de 350 ONGs
estrangeiras ajudando. Penso que é porque a Amazônia tem ouro, manganês, ferro,
diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata e a maior biodiversidade do
planeta, tudo de interesse econômico para laboratórios e nações. Riquezas que
somam trilhões de dólares. Na Amazônia ninguém passa fome, nem os ribeirinhos.
Diferentemente do nordeste que, além da fome, ainda têm sede e lá não há ONGS.
É fácil suspeitar das intenções e entender os motivos.
2ª
Parte – Hotel Tropical Manaus – É um luxuoso resort ecológico
localizado na entrada da majestosa floresta amazônica às margens do Rio Negro
onde nadamos em uma praia ampla, limpa e comparável a mar. Tudo com tecnologia
de ponta e acomodações luxuosas, piscinas com ondas e recreativas, localizado a
apenas 10 km do aeroporto e do centro de Manaus. Bar aquático (bar molhado).
Centro de convenções com 3200 m2 para 1200 participantes. Com zoológico muito
bom, passeio guiado na floresta mata adentro, quatro restaurantes de alto gabarito
com especiarias nacionais, internacionais e lanchonetes. Teatros, boates, salas
de eventos onde assistimos a um Show Temático do Boi Bumbá de Parintins com o encanto azul do “Caprichoso” e o vermelho do “Garantido”. O resort conta com 640 suítes
com diferentes acomodações para diversos bolsos, inclusive presidencial. Um
luxo! Tudo isso no coração da floresta. É mole?
3ª Parte – Ariaú
Amazon Towers
– Lugar que merece um comentário à parte... Em 1982, o oceanógrafo Jacques Cousteau
(comandante do Calypso - o famoso barco laboratório) sugeria a sua criação e
fez uma declaração com ares de premonição: a guerra do futuro será entre os que
defendem a natureza e os que a destroem. Em 1986, três anos antes da queda do
muro de Berlim, sepultamos o temor nuclear e iniciamos às margens de Rio Negro,
a três horas de barco de Manaus, este que viria a ser um magnífico e o maior e
mais respeitável hotel de selva do mundo. Noooossa! Estivemos lá. Que
maravilha! Foi um turismo ecológico. Sentimos a natureza em sua plenitude.
Ouvimos a escala de sons claros, apaixonados e muitas sucessões de tons acima e
abaixo, trinos e regorjeios. Seria o saci ou algum gênio da floresta? Eram gargantas
de ouro... Acordamos com essas canções no meio de plantas medicinais, vitórias
régias medindo 1,8 m de diâmetro, plantas domesticadas como orquídeas e
samambaias, fícus e bromélias. Árvores seculares de tudo quanto é tamanho e
forma, guaranás e açaís. Comi carne de jacaré, arraia, pirarucu, pirapetingas e
pacus, além da de tartaruga. À noite participamos de caçadas aos jacarés. Quanta
aventura, sô!
Gosto de conhecer e viver a vida como
ela é. O contato direto com a selva e sua luxuriante beleza nos encantou.
Ficamos, Fernandina e eu, fascinados pela singularidade do prazer de estar na
floresta amazônica. Brasileiros lá eram muito poucos. A maioria alemães,
ingleses, americanos, japoneses, chineses e muitos australianos, entre outros. Para nós, era um sonho verde que se
realizava. Ficamos hospedados numa suíte flutuante, toda com tela, no meio
da selva. É difícil retratar tantas emoções daqueles passeios pelo Igarapós
(trecho da floresta, com vegetação própria, alagado pelas águas das enchentes)
com cliques e mais cliques no meio de jacarés, macacos, bichos preguiças e
onças pintadas, captando cores e aromas da natureza da vida selvagem. Visitamos
as casas dos ribeirinhos e ouvimos suas histórias. Penso que nossa participação
física e nossos cliques fotográficos nunca vão mudar a realidade daquele lugar.
A verdadeira Amazônia fica esquecida nas entranhas da selva com castanheiras de
600 anos, mogno e jacarandás de 1200. O que estamos fazendo não é um
sensacionalismo jornalístico às vésperas do apocalipse. De qualquer maneira,
esperei muitas primaveras para escrever sobre o assunto porque não se deve
escrever antes de conhecer “in loco”
e julgar e sentir a sabedoria milenar dos índios e a vivência secular dos
caboclos. Por tudo isso é que está no Ariaú Towers uma pirâmide transparente,
com as mesmas proporções e orientação solar de QUEOPS, a célebre pirâmide
egípcia.
4ª
Parte – Passageiro clandestino – Lembrei-me do Projeto Jarí, da
largura de 320 km do rio Amazonas, das diversas ilhas, inclusive a de Marajó cuja
culinária qual já o prazer de conhecer
sua culinária na Gastronomia de Tiradentes. Nooosssa! Estava viajando
clandestinamente e sentindo a presença respeitável de um gigante. Nooosssa!
Minha imaginação corria sobre a superfície, ainda bem. A quilha do nosso barco não deveria encalhar, estávamos em
águas profundas e seu calado era apropriado.
A causa da devastação amazônica está nos
escritórios bem ornamentados das lideranças econômicas e políticas. Vamos
pensar nisso e resolvermos já. O rio Amazonas, com mais de 1000 afluentes, é o
maior rio do mundo e o mais caudaloso com 6.992 km depois que descobrimos seu
veio inicial no Peru a mais de 4000 m de altitude, seguido do Nilo com 6.650
km. Nosso Amazonas tem sua bacia hidrográfica
no Brasil, no Peru,
na Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. O rio Negro nasce na Venezuela e tem 3200 km de extensão. Na
região eles dizem que o rio Amazonas só é assim chamado depois do encontro do
Solimões com o Negro. O resto do mundo entende que o Amazonas começa no Peru e
deságua no Oceano Atlântico, sendo o rio Negro mais um de seus afluentes.
E os botos cor-de-rosa? Interagimos com eles e fizemos muitas
fotos, mas não as suas piruetas. Eles possuem um sistema de radar igual aos seus
primos golfinhos e são sociais, solidários e afeiçoam-se ao homem. Quem sabe o
quê da Amazônia? Os curumins (pequenos índios) riam de nós. Temos que aprender
com eles, sua inteligência, habilidade, argúcia, destreza e capacidade de
comunicação. Está ornamentando uma parede da minha casa um arco e flecha
daquele povo.
A terra não pertence ao homem, mas o
homem é que pertence à terra. A Amazônia é a síntese da alimentação da
humanidade, a síntese do medicamento necessário, a síntese da água doce, da
biodiversidade e do futuro e do pulmão
da humanidade.
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