sexta-feira, 18 de maio de 2012

- VÁRZEA DA ESTAÇÃO

Crônica publicada em 02/Fev/2003 na minha coluna Subsídio no jornal O Imparcial de Rio Pomba – MG


      Prefiro os que criticam, porque me corrigem, aos que me adulam porque me corrompem”. (Sto.Agostinho). Às vezes as críticas extrapolam, chegam a ser agressão e podemos dizer até a uma desinformação, ou talvez mesmo a falta de entendimento de um texto mal redigido. Sempre na vida, a gente tem que procurar ver o lado bom da coisa. Estamos mostrando hoje um quadrado com uma bolinha preta no meio. Durante 8 anos, eu e Fernandina e outros dávamos um curso de noivos e sempre que apresentávamos este quadrado colocado em um papel branco todos viam somente o pontinho preto, o buraco, a mancha negra, ou seja, o defeito que tinha ou que a pessoa imagina ter. Isto é o que as pessoas enxergam nos outros. O resto da folha branca, ou seja, as virtudes, as mensagens, aquilo que dignifica, que é bom, as pessoas não viam. O ser humano é assim mesmo, sabemos. Muitos me cercam na rua para cumprimentar-me, concordando com os meus pontos de vista e meus alertas e até mesmo falando de um dom de antever algum problema, às vezes elogiando o caráter didático. Às vezes concordam com o que eu não escrevi ou até com aquilo de que discordo. Talvez o erro seja meu mesmo. Às vezes não sei me expressar. Não sou didada e dicionarista, só tenho boa vontade de escrever. Daí, talvez a confusão e o não-entendimento do texto em pauta. Àqueles que não me compreenderam, minhas desculpas. Estou tentando me expressar melhor. A experiência de falar, ler e ouvir são sempre uma surpresa. Os temas me fascinam e me dão a certeza de poder ajudar e opinar. Pelo que tenho recebido de telefonemas e palavras de incentivo e apoio, cheguei à conclusão de que o subsídio não está fazendo barulho à toa, que não é um samba de uma nota só. Muita coisa já foi feita e muitas estão por fazer de acordo com nossas ideias. Não temos pretensão de ser unanimidade. Você já viu alguém ajudar alguém se mantendo calado, imparcial, neutro, paliativo? Não é do meu feitio. Talvez seja um defeito ou talvez uma virtude, de qualquer maneira é um direito democrático e um ato de cidadania. Procuro sempre falar o que me vem ao coração, sempre com o objetivo de ajudar meu semelhante. Escrevendo uma coluna, tomo posição, critico, opino. Colunista é para isto. Colunista sem opinião, aquele que sempre está em cima do muro, um “Maria vai com as outras”, seria uma completa inutilidade. Às vezes, fico pensando que até o novo governo federal, empossado há menos de um mês possa ser processado pelo ex-presidente FHC por plágio com a exigência de direitos autorais. Sabe por que? Porque Lula aumentou os juros, disse que a CPMF vai ser prorrogada, congelou a tabela do IR, discute a inclusão do Brasil na Alca e tece elogios às propostas de reforma tributária do governo anterior.
      Nossa Senhora! Perdi-me. O negócio é a Várzea da Estação. Quanto a minha matéria: “Primeira enchente do século XXI” publicada em O Imparcial de 26.01.03, por falta de espaço não foi esclarecido, a bem da verdade e da justiça, que se alguma ocorrência trágica acontecer em alguma construção que venha a ser feita no local não é por culpa da respeitada família Caiaffa Mendonça. As glebas que estão sendo vendidas são mais apropriadas para olaria, pequenas granjas, serrarias, plantios de hortaliças, pastagens de bovinos e equinos ... enfim, coisas do gênero. Foi sempre uma preocupação dos irmãos proprietários alertar, inclusive por escrito, aos promitentes compradores das áreas a serem desmembradas (terreno em inventário) das ocorrências climáticas adversas que poderiam ocorrer com enchentes na várzea e deslizamentos nos barrancos de todos os terrenos vendidos, que estão a mais de 30 metros do rio (área proibida à construção). Por tudo isto e por isto mesmo, os terrenos estão sendo vendidos por um preço muito baixo. Em 1952 na época que eu ainda brincava de “COME BOY – venha rapaz / mãos aos altos / você está preso” (lembram-se ?), o saudoso e inesquecível José de Assis (Editorial – O Imparcial de 09.03.52) já falava que a várzea era um celeiro de grãos. Soube pelo Sylvio com “y”, que naquela época, já se colhia lá 40.000 kg de arroz, 400 arrobas de fumo e grande quantidade de feijão. Se hoje não está para grãos, que esteja para bovinos e eqüinos, pelo menos.
      Ratificamos nossa opinião e alerta das matérias: “A ÚLTIMA ENCHENTE DO MILÊNIO”, publicada na edição de 19.12.99 de O IMPARCIAL e “PRIMEIRA ENCHENTE DO SÉCULO XXI” publicada na edição de 26 de janeiro próximo passado: o local é inadequado e altamente perigoso para construções de moradias. Para resolver o problema já criado com estas construções recentes e já existentes, talvez não existem modelos urbanísticos, truques arquitetônicos ou esforços civilizatórios. Esses problemas escapam ao poder dos homens e precisam ser respeitados. A natureza tem suas leis, suas regras, suas razões, seus mistérios e suas vinganças. As provas vocês viram através desta última enchente na “várzea da estação”. Vamos dizer que ela deva servir de parâmetro para aqueles que quiserem, de qualquer maneira, construir apesar dos pesares e dos alertas de Deus e do povo. Nesses casos, pelos menos, que o façam a um nível acima do patamar da escada que serviu de ponto de referência para estabelecer as DUAS maiores enchentes a de 1984 e a de 2003, ou seja, pelo menos 1 metro acima do nível daquela escada da Fazenda do Cel. José Mendonça dos Reis. É isto que deveria ter sido feito com a ponte construída agora na mesma altura da anterior que fora mudada do pé do morro para o centro da várzea, aquela que o rio levou um dia e que pode levar de novo, por óbvio. O nível é importante, a profundidade não importa. Um exemplo?: a PONTE RIO-NITERÓI.

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