terça-feira, 24 de agosto de 2010

- Estreito da água limpa

ESTREITO DA ÁGUA LIMPA
                            Crônica publicada no jornal O IMPARCIAL em 06.07.2003

            Segundo papai Aurélio, nosso mestre dicionarista eletrônico, ESTREITO vem do latim, strictu, part. pass, de stringere, ‘apertar’, ‘comprimir’, ‘reduzir, ‘diminuir’, continuando: que tem pouca largura, pouco folgado, restrito, limitado, acanhado ... canal. Seguindo o mesmo raciocínio, canal seria uma obra de engenharia para a comunicação de mares, rios, lagos, estreito, a largura suficiente para permitir o seu uso, ruas.

            Cada um tem o estreito que merece. Se a Cidade do Cairo no Egito e a Arábia Saudita se utilizam de uma passagem internacional que liga o mar Vermelho ao Mediterrâneo para facilitar o comércio entre eles, os países europeus e do oriente médio, que divide o continente asiático do africano, nós rio-pombenses temos o nosso estreito que pode não ser um Canal de Suez, como aquele, mas nosso estreito da Água Limpa que também liga o centro da cidade a diversos outros bairros. Seguindo o mesmo raciocínio, lembramos do Canal do Panamá que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, facilitando o comércio e a comunicação entre os países do Golfo do México com os países da América do Sul. Foi construído pelos americanos e hoje pertence ao Panamá. Divide a América Central da América do Sul. Lembramos do Estreito de Bering, que é uma formação geológica que se estende pelo mar aproximando o norte da Rússia, na Ásia, do Alasca, no continente americano. Em tempos remotos, foi o caminho que o homem primitivo usou para chegar às Américas. Lembramos do Estreito de Gibraltar, daquela região entre os continentes europeu e africano, mais precisamente entre os países da Espanha, na Europa, e Marrocos, na África, região de intenso comércio desde a antigüidade. Este estreito liga, através do Mediterrâneo, os Oceanos Atlântico e Pacífico.

            O nosso estreito é justamente lá no finzinho da Rua. Pe. Manoel, logo depois das residências dos amigos vereador Dr. João e do Zé do Padre, praticamente em frente à casa do meu querido colega de ginásio Sólon Santiago, exatamente em frente a um supermercado e ao bonito prédio dos incomparáveis e progressistas construtores srs. Paulo Arantes e seu filho Paulo César, prédio que mora o amigo Paulinho do Bidica (que saudade), um pouquinho antes da Vila do Dr. Fausto e da Assembléia de Deus, um templo religioso, bonito e muito bem edificado pelo competente e admirável Pastor Célio (que Deus lhe dê e à sua família muitas bênçãos e graças no seu lar e em seu ministério presbiteral). Pois bem, esta rua é bastante larga no seu início, exatamente em frente à bonita casa do saudoso Dr. Zé Reis. e vai sofrendo um afunilamento ou estreitamento até chegar no ponto acima especificado e depois sofre um alargamento na região da famosa “Biquinha”. Acontece que sinalizar ou não uma rua deve ser feito onde necessário e onde se revelar de perigo para a comunidade. O dia-a-dia nos mostrará onde devemos nos preocupar. Este trecho tem causado grande transtorno no trânsito durante muitos anos, com constantes solicitações de policiamento até por parte dos vizinhos para sanar contratempos, perigo aos transeuntes, constrangimento ao comércio. Isto é herança administrativa. Já vem de longe.

            Aplausos, parabéns à administração municipal. Hoje, a prefeitura solucionou este grande problema colocando placas de “proibido parar e estacionar” do lado esquerdo de quem desce. Do mesmo lado da casa do vereador dr. João e do Zé do Padre até a esquina da Vila do Dr. Fausto, deixando este lado livre para p trânsito. Assim, o sinal de “carga e descarga”, que já existe do outro lado, em frente ao supermercado, não será prejudicado e todos sairão ganhando. Continue assim.Viu como é fácil quando se quer? Os nossos estreitos foram comparados aos relacionados à água. Daqui pra lá você vai a Água Limpa, de lá pra cá, a Rio Pomba (cidade) ou ao rio Pomba (rio). Um “r” faz a diferença. Se maiúsculo é cidade, minúsculo é rio, é água. Êta língua, sô. O problema não chegou a ser uma mancha, um canal da Mancha (Estreito de Dover), conforme aquela faixa de água que separa a Inglaterra do resto da Europa. Se lá a solução foi construir um túnel subterrâneo ao custo de 9 bilhões de libras esterlinas para a passagem tranqüila de trens (Eurostar) em 1994, ligando Londres a Paris, aqui a solução foi apenas colocar (a pedido), por um preço irrisório, algumas placas de sinalização e pintar o meio fio de amarelo numa faixa de aproximadamente 50 metros, e não 50,4 km como lá. Novamente, parabéns.


            Pensamos que governar e dirigir automóvel podem ser aprendidos com as respectivas dificuldades, dependendo, evidentemente, da boa vontade, competência e disposição de cada um. Governar aprende-se governando, dirigir, (dobrar à esquerda, à direita, parar, ultrapassar em locais perigosos, etc.), dirigindo. Na rua se faz o motorista, no governo o estadista. Enquanto o aprendiz de motorista tem o instrutor ao seu lado o estadista tem as críticas construtivas das quais pode se valer. Não temos por objetivo falar mal de ninguém, muito pelo contrário, todas nossas críticas foram para ajudar nosso prefeito, nosso irmão, nosso semelhante, a comunidade. Não temos e nunca tivemos nada de pessoal. Tudo é comunidade. Acredite, gostaríamos de falar bem, mas se falar bem melhorasse alguma coisa, a solução de nossos problemas seria moleza. Sempre temos que procurar os defeitos para corrigi-los, as virtudes para cultivá-las, se quisemos crescer, é claro. A maior parte da imprensa passou 8 anos falando bem de FHC e o que resultou? O presidente e todos os demais políticos apenas nos representam passageiramente. Sei que o prefeito é da cidade, mas a cidade somos nós, os eleitores e cidadãos, os rio-pombenses, assim como a igreja somos nós e não o templo.

            Enquanto a Otan planeja patrulhar o estreito de Gibraltar contra o terrorismo, nós o fazemos em relação ao nosso Estreito da Água Limpa, relativamente ao nosso terrorismo do trânsito.

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