terça-feira, 24 de agosto de 2010

- O Assalto

                      O ASSALTO
                      (Crônica publicada no jornal O Imparcial de 29.12.2002 na  minha coluna  SUBSIDIO e na  pag. 67 do meu livro "RECEITAS CULTURA HUMOR).

            Às vezes a identificação do dono de uma máquina de escrever vai longe demais, como no caso daquele que deixou a sua cair no chão. Ele passou a sentir as dores da máquina. De noite, gemia como se fosse ele que houvera caído. Sentia dores do lado onde a máquina sofrera maior avaria. De manhã, acordava com dores no esqueleto correspondente ao abalo generalizado de sua máquina de escrever. Há mais de 40 anos que escrevo à máquina, mas agora fui obrigado a comprar um computador porque senão estaria fora dos tempos modernos e seria um antiquado. Temos que seguir a evolução tecnológica. Não é que estou tomando a maior coça do computador. Não sei se é ele que não me obedece ou se sou eu que não o obedeço. Mesmo assim, aposentei minha UNDERWOOD 298. É a mesma Olivet com outro nome. OH, vida difícil sô! Às vezes no, meio de um texto, esbarro, acidentalmente, numa tecla do meu computador e logo aparece a sentença condenatória: “Este programa realizou uma operação ilegal e será desligado”. Se você não salvar logo o que estiver fazendo, babau. Perde todo o seu trabalho ainda fica com a sensação de ter cometido um crime. O que é, afinal, uma “operação ilegal”? Seria um assalto? Penso que quem fabrica essas máquinas não faz questão de gostar de seus clientes. Porque eles não teriam comandado uma informação de segunda chance? Tipo assim: informar o que fizemos de errado e perguntar se queremos insistir no erro. Ai seria um jogo mais justo. Você não acha? Vejo que o Windows aceita um programa, mas avisa que há uma incompatibilidade que poderá tornar todo o sistema instável. Você já pensou se os bioquímicos que fabricam remédios, usassem do mesmo sistema daqueles que fabricam programas de computadores? A gente ia passar um aperto danado na farmácia! Aspirina combina com antibiótico? Tomou vitamina com calmante? Vai morrer, travar, sair do ar, ser desligado porque fez algo “ilegal”. Valha-nos Deus! Meu sonho é um computador simples, barato, no qual a gente não possa jogar jogo algum (não gosto de jogos), mas que tenha boa memória, se comunique com a internet, armazene dados com facilidade, que o corretor de textos do Word tenha sido feito com mais competência por um verdadeiro professor de português. O vocabulário é pequeno, a concordância um desastre e o uso da crase um pavor.A maioria das vezes temos que ignorar o Word. Bandidos, terroristas e assaltantes vivem à margem da lei. Eles podem invadir uma casa, matar toda a família, usar o micro para fazerem o que quiserem a dar o fora quando o mal já estiver feito. Invadir um banco usar um chip para clonar cartões magnéticos e surrupiar seu mísero dinheirinho. Os sistemas de vigilância e segurança não são feitos para bandidos, mas para controlar a vida de quem já vive controlado, o cidadão dentro da lei, o homem comum. Você e eu.

            Trabalhei 30 anos no Banco do Brasil, praticamente a metade no caixa e confesso que sempre tive o receio de ser assaltado. Rio Pomba é um entroncamento rodoviário com acesso fácil para Juiz de Fora , Rio, Barbacena, Belo Horizonte, Ubá, Muriaé (BR 040/Rio-Bahia, etc). Enfim, o assaltante poderia se safar tranqüilamente e ainda tinha sua tarefa facilitada porque, até hoje, em frente às agências bancárias desta cidade não nos é permitido estacionar, facilitando a ação dos meliantes Que ignorância. Vamos mudar isso gente! Sempre pensava que o assaltante deveria vir com uma escopeta, R-15, metralhadora. Não é que o assalto aconteceu mesmo, mas não daquele jeito (a mão armada). Ele foi ELETRÔNICO, “INTERNÉTICO”. É a evolução dos tempos. É a era da CLONAGEM em todos os sentidos. Quem fez o assalto não foi a máquina de escrever, mas o computador. Tudo isso aconteceu dia 28 e 29 de novembro/02. Olha que engraçado, o assalto só foi descoberto dois dias depois, em 02 de dezembro, quando a Agência do Banco do Brasil de Rio Pomba e outras de cidades vizinhas descobriram o arrombamento de máquinas de seus terminais. Como era de se esperar de um Banco de verdade, nenhum cliente sofreu qualquer perda com este acontecimento por ação rápida e rasteira da administração local. Imagino que o assaltante, ao invés de usar a artilharia pesada, resolveu ficar em Miami, numa sala vip, com ar condicionado e tudo, com duas louras. Uma ele bebia e a outra ele ... (paquerava) enquanto, tranqüilamente, fazia seus saques e efetuava seu assalto eletrônico. Eu ainda sofri um segundo assalto, o doméstico. Uma doméstica, faxineira de um apartamento em BH, ou talvez até mesmo em algum hotel por onde passei, me surrupiou 3 (três) folhas do meu talão de cheques. Falsificando minha assinatura, ela emitiu um cheque que foi pago pela compensação porque cheque de menos de 3.000 não vem às agências, portanto não se confere assinatura. Devo ser ressarcido, evidentemente, daquele valor, devido à seriedade do Banco que resolveu correr este tipo de risco. Posteriormente, ela emitiu outros de 4.000 e 2.000 que foram devolvidos em virtude de assinatura falsa somente descoberta porque não havia fundos (o assaltante já havia levado). Existe ainda o assalto bancário, ou seja: aquele que os próprios bancos praticam contra seus clientes cobrando tarifas extorsivas, adotando uma sistemática na Compensação de Cheques que dispensa conferências de assinaturas, como acima comprovado, que pode causar prejuízo a clientes. OLHO VIVO, confira seu extrato mensalmente. A escolha do ex-banqueiro Henrique Meireles para o Banco Central (BACEM) foi um gesto de grandeza de Lula, provando que a competência está acima das cores partidárias. Contamos que a nova administração do BACEM possa acabar com estes assaltos bancários. O Brasil tem 627 espécies ameaçadas de extinção. Eu acrescentaria mais uma: o bancário.(sexta-feira /13.12.2002).

BOAS FESTAS E PRÓSPERO ANO NOVO: PAZ. Para você. Para a família O IMPARCIAL. Para os nossos governantes para que perseverem no caminho da moralidade, da honestidade e transparência. Para que DEUS ilumine a todas nós a fim de vencermos novas etapas, conquistamos virtudes, adquirirmos saber, construirmos uma sociedade mais justa, solidária, fraterna, participarmos da história rio-pombense, para que possamos todos, no alvorecer de 2003, VIVENCIARMOS ALEGRIAS E REALIZAÇÕES.

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