quarta-feira, 25 de agosto de 2010

- Raiz de valores

         RAIZ DE VALORES

                                                   (10.02.2002 - crônica não-publicada)
         
            Às vezes falamos sem pensar e agimos espontâneamente. Vem-nos a cabeça diversas frases, diversos pensamentos e cenas, ocasionando um turbilhão em nosso cérebro. Às vezes, aliás, muitas vezes agimos por impulso, agimos contra nossa vontade, por necessidade. Só se tivéssemos um script, poderíamos saber o que pensar e falar em determinado momento. No nosso cotidiano nos deparamos com situações embaraçosas que nos tiram do sério, que nos levam a falar, gritar e botar pra fora tudo aquilo que nos vem à mente, coisas ruins e boas. Disso tudo falamos eu e o Erasmo. Já falei dele. É um amigo meu de infância. Ele é um pensador. Com ele aprendo muito. Disse-me que o mundo talvez fosse muito mais justo, mais ético, mais honrado se cada um de nós pensasse e agisse conforme o coração, pois muitas vezes a RAIVA se estabelece na área da razão, não que seja correto, mas com certeza não é no coração, se fosse, ao ilustrar o coração, pintaríamos de preto e não de vermelho, que é a cor da paixão, do amor, da ternura. Isso tudo num sábado, no bar do Manezinho, tomando Tônica com limão e caldo de mandioca. Não fumamos e não bebemos mais. Êta vida sô! Ai o Erasmo me disse que uma boa memória tem lá também as suas desvantagens... – Como assim? Perguntei-lhe. – Eu me recordo que tive um colega de serviço que se virou contra mim, um outro que cantava comigo e procedeu da mesma maneira sabendo que sua atitude não lhe traria nenhuma glória dada à falta de ética. Coçando a cabeça branca, ainda com cabelos, continuou: essa minha memória me traz constrangimentos, imagine que eu me lembro muito bem do que diziam há algum tempo o Lula, o Zé Dirceu, o Genuíno. E desencadeou outra ofensiva: segundo o mestre Aurélio, ética significa estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto, e reclamou e esperneou e continuou – a idoneidade é a aptidão, a capacidade, a competência e a honra é o sentimento de dignidade, o brio, a grandeza, a honestidade, a consideração e a homenagem à virtude, às boas ações ou às qualidades de alguém. Um novo intervalo, desta vez para bebericar e lá vem mais Erasmo: a honra é, até hoje, uma das fontes de moral que orientam a sociedade. O seio da família traz a dignidade quando ela é digna, honrada, idônea. A ética nasce da base da existência humana e reside na razão. O afeto, a emoção, numa palavra (continuou) a paixão é um sentir profundo, é entrar em comunhão, sem distância. Com a intimidade de nossa antiga amizade foi logo me dizendo: estou quase acabando e deu uma pequena pausa para recuperar o fôlego e mandou ver: a ternura e o cuidado com o outro, o gesto amoroso que protege, o vigor quando necessário, os valores da democracia, a orientação para ver com os olhos da liberdade, o ensinamento de reais valores, o vigor e a contenção sem dominação, a direção sem intolerância, tudo que fundamenta uma verdadeira família nós dois temos, não é mesmo? – Nossa! Até que enfim a palavra me sobrou. Muito obrigado amigo. Espero que isto que você está falando, não seja porque lhe tenha sido negado, de alguma maneira, alguns de seus direitos, mesmo que afetivos, impossibilitando-o de demonstrar, com alguns dos seus, os reais valores de uma família unida pelos ideais. O Erasmo se calou, preferiu mudar de assunto. Pensei: que homem! Ficamos no conversê com os vizinhos de mesa. E o frio apertando (isto foi em julho). Ai ele me confessou que estava muito ansioso e que essa emoção era normal. Ponderou que todas as pessoas sentem ansiedade, em graus variados quando se sentem ameaçadas ou sob pressão. É um sinal de alerta que permite ao indivíduo ficar atento a uma situação adversa e poder tomar as atitudes necessárias para lidar com ela. Continuou... Isto funciona como forma de defesa, ou seja, é um sentimento útil a todas as pessoas. Sem ela ficaríamos vulneráveis a situações de perigo ou ameaças. Ela nos leva a enfrentá-las com sucesso. A ansiedade é diferente do medo. O medo é ligado a uma situação que apresenta perigo, real ou imaginário e nos leva a evitá-lo. Que não era o caso dele, segundo deduzi. Nesse espasmo de palavras livres, surgem a esmo diversos outros assuntos, sobre disputa, harmonia social, liberdade. E o frio apertando. Ai alguém bate no meu ombro, por detrás, tampa meus olhos e pergunta disfarçando a voz: “Guess who this”. Pedi-lhe: traduza meu. – Ele disse: adivinha quem é, e acrescentou “Do you spead inglish” – “I don’t ispique inglish” (eu não falo inglês) respondi-lhe no inglês do Lula. Virando-me vi que se tratava do casal 20 Chico Caiafa e Marta Baiana indo pra casa depois da cervejinha do sábado. Despedimo-nos e marcamos encontro para o sábado seguinte às 8 da noite no Casarão administrado pelo casal Márcio e sua esposa, ou na Churrascaria Lero Lero dos amigos Garapa e Gezilda, no Corujinha daquela família amiga e espetacular do Deacir (nesse local teria que ser mais cedo porque lá não é muito da noite não), ou no Doce Mania do Batista e Cristina sua esposa  ou  ainda na Pizzaria Piato D’oro do Sô Geraldo e Yeda e filhos, simpática e competente família importada do Paraná. Marque você, falei com o Erasmo. Em todos esses lugares sugeridos estaremos muito bem servidos. Podes crer ... - Sábado te telefono. Tchau. Tchau.

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